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Mundo

Rebeldes negam que Ras Lanuf esteja sob controle de Kadafi

10 mar 2011 - 13h55
(atualizado às 15h25)
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A direção do movimento opositor ao regime de Muammar Kadafi, com sede na cidade de Benghazi, desmentiu nesta quinta-feira que a cidade de Ras Lanuf esteja sob controle de forças leais ao líder líbio. "Não é certo, é simplesmente um bombardeio indiscriminado", disse Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do Conselho Nacional Transitório (CNTR) e porta-voz da direção rebelde líbia. Ras Lanuf, uma cidade produtora de petróleo "importante para a consolidação do poder revolucionário", acrescentou, é "a principal frente defensiva" dos insurgentes.

No entanto, um correspondente da Al Jazeera que acompanhou rebeldes que deixavam a cidade citou um comandante opositor que disse que seus soldados estavam mortos ou haviam fugido. Alguns jornalistas em Ras Lanuf tiveram que se afastar do poder de fogo das forças pró-Kadafi, que mantiveram um intenso tiroteio com os rebeldes. O porta-voz acrescentou que o pequeno hospital da cidade foi desalojado para transferir os feridos a regiões mais seguras, após ter sido bombardeado pela aviação militar leal a Kadafi.

Ghoga também pediu à comunidade internacional para "que sejam tomadas todas as medidas necessárias para proteger os líbios do genocídio e dos crimes contra a humanidade" cometidos pelas forças do líder líbio. Além disso, acusou Kadafi de adotar uma política de "terra arrasada", e revelou que as forças rebeldes prenderam pelo menos 30 mercenários, que foram levados para Benghazi. Ghoga acrescentou que as tropas governamentais prenderam rebeldes, mas não deu mais detalhes.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país há quase um mês para pedir a renúncia do líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Entretanto, se tunisianos e egípcios fizeram história através de embates com as forças oficiais e, principalmente, protestos pacíficos por democracia, a situação da Líbia já toma contornos bem distintos.

Diferentemente da queda de Hosni Mubarak, cujo símbolo foi a aglomeração sistemática de centenas de milhares de manifestantes no centro do Cairo, a contestação de Kadafi tem levado a Líbia a uma situação próxima de uma guerra civil. Após a realização de protestos em grandes cidade, como Trípoli e Benghazi, o litoral mediterrânico da Líbia virou cenário de uma batalha diária entre as forças do coronel e a resistência rebelde pelo controle das cidades, como Sirte- cidade natal de Kadafi - e a petrolífera Ras Lanuf.

Não há números oficiais, mas estima-se que mais de mil pessoas já tenham morrido desde meados de fevereiro. A onda de violência, por sua vez, gerou um êxodo de mais de pelo menos 100 mil pessoas, muitas das quais fogem pelas fronteiras egípcia e tunisiana. Esses números, aliados à brutalidade dos confrontos - como, por exemplo, o bombardeio a cidades rebeldes - vêm mobilizando lideranças da comunidade internacional, que cogitam a instauração de uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas ainda não acenam para uma intervenção no país.

EFE   
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