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África

Protestos na Líbia coincidem com endurecimento de confrontos

4 mar 2011 - 15h10
(atualizado às 17h23)
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A convocação de um dia de manifestações contra o regime de Muammar Kadafi em toda Líbia após as orações da sexta-feira coincidiu com um endurecimento dos confrontos, especialmente na cidade de Al Zawiya, próxima a Trípoli, e em Ras Lanuf, no leste do país.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

Segundo relataram à agência EFE fontes da oposição, os rebeldes do leste do país lançaram um ataque contra o porto de Ras Lanuf, onde, segundo o canal Al Jazeera, os rebeldes conseguiram tomar o aeroporto e um quartel militar.

Ras Lanuf se encontra a 662 km ao leste de Trípoli e a apenas 200 de Sirte, cidade natal de Kadafi e uma das três importantes cidades que continuam sob controle do regime, ao lado da capital e Sabha, no sudoeste do país.

Segundo a Al Jazeera, em Al Zawiya, a 92 km de Trípoli, a milícia rebelde perdeu seu comandante Hassan Uarbuq e inúmeros combatentes opositores foram mortos e feridos quando tentavam repelir um ataque das forças fiéis a Kadafi no oeste da cidade.

Por outro lado, Mohammed Salem Moussa, diretor do Centro de Imprensa do principal órgão rebelde, com sede em Benghazi, a segunda maior cidade do país, confirmou à EFE que continuam os confrontos entre ambas as partes, embora tenha apontado que desconhece o número de vítimas.

A versão do regime de Kadafi é que suas forças tomaram a cidade, segundo a rede televisão estatal.

Testemunhas citadas pela Al Jazeera falam em 50 mortos e centenas de feridos, o que não pôde ser constatado pela imprensa independente.

Nestes municípios e na capital, onde Kadafi limitou os deslocamentos de jornalistas convidados e onde a internet e a telefonia foram cortadas ou estão muito lentas, está difícil verificar as informações.

Moussa explicou à EFE que em Trípoli opositores do regime foram presos durante a noite e a manhã desta sexta-feira.

Além disso, comentou que entre 400 e 500 militares da capital nascidos em cidades libertadas foram desarmados e colocados sob custódia.

Sobre a Trípoli, Moussa assegurou que foram proibidas as orações do meio-dia desta sexta-feira nas mesquitas do centro da capital, para evitar as concentrações e manifestações.

Diante da atuação das forças de segurança pró-Governo, Mohammed al Mogerbi, integrante da Coalizão Revolucionária, acusou Kadafi de ter transgredido todos os limites do comportamento humano e "só querer derramar sangue".

"O comportamento de Kadafi saiu do âmbito humano e entrou no animal", declarou Al Mogerbi antes de afirmar que o dirigente líbio "só quer derramar sangue" e que é capaz de "vender sua alma ao diabo" para de se manter no poder.

A atual violência explodiu após vários dias de relativa calma, interrompida por uma ofensiva lançada na quarta-feira pelas forças de Kadafi contra o enclave petrolífero de Brega, na qual morreram 12 pessoas entre rebeldes e civis, e coincide com a convocação de grandes manifestações em todo o país.

Em Benghazi, cidade dominada pela oposição rebelde desde 21 de fevereiro, mais de 5 mil pessoas participaram das orações do meio-dia da sexta-feira para pedir a queda do líder líbio Muammar Kadafi.

Esta é a segunda sexta-feira consecutiva que são convocadas manifestações massivas em Benghazi e nas principais cidades do país desde o último dia 21, quando o extremo leste do país foi controlado pelos opositores.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

EFE   
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