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Mundo

Premiê egípcio pede desculpas e se dispõe a ir à praça negociar

3 fev 2011 - 10h00
(atualizado às 12h08)
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O primeiro-ministro egípcio, Ahmed Shafiq, pediu nesta quinta-feira desculpas aos cidadãos pelos incidentes da véspera na praça de Tahrir e garantiu que foram consequência de um "claro erro" na segurança, que está sendo investigando. Além disso, Shafiz se declarou disposto a ir até a praça Tahrir para dialogar com os manifestantes que há dez dias lideram uma rebelião popular contra o presidente Hosni Mubarak, informou a agência oficial Mena.

Confronto no Egito tem paus, pedras, cavalos e até camelos:

"Estamos investigando tudo o que ocorreu na véspera para que o povo saiba quem está por trás disso, se foi um erro premeditado ou não", disse Shafiq em declarações à televisão estatal.

Na quarta-feira, partidários do presidente egípcio, Hosni Mubarak, e da oposição livraram violentos enfrentamentos na praça Tahrir, no centro do Cairo, sem que o Exército interviesse para separar aos manifestantes.

Segundo Shafiq, duas manifestações a favor e contra de Mubarak começaram na quarta-feira de maneira tranquila, até que um grupo de pessoas a cavalo e uma em um camelo entraram na praça e provocaram confrontos entre ambas as partes.

"Este é um assunto muito grave que ninguém que ame o país aceita. Quem são os indivíduos que entraram lá?", questinou Shafiq. "Expresso todas minhas desculpas por tudo o que ocorreu na véspera, porque é ilógico", acrescentou.

A tensão ainda continua na praça Tahrir, que nesta quinta segue tomada por milhares de manifestantes contrários ao regime de Mubarak, enquanto seus partidários se situam nos arredores da mesma.

Os confrontos, que começaram na véspera ao meio-dia, acabaram com sete mortos e ao menos 1,2 mil de feridos, revelou nesta quinta à agência EFE um porta-voz de Movimento 6 de Abril, promotor dos protestos, citando a fontes médicas da praça Tahrir.

Protestos convulsionam o Egito

Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, principalmente pelo uso da hashtag #Jan25 no Twitter -, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.

A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. O presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já os Irmãos Muçulmanos disseram que não iriam dialogar com o novo governo. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milharesde pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak.

A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo. O dia seguinte, 2 de fevereiro, no entanto, foi novamente de caos na capital. Manifestantes pró e contra o governo Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro. O número de mortos é incerto, entre seis e dez, e mais de 800 pessoas ficaram feridas. No dia seguinte, o governo disse ter iniciado um diálogo com os partidos. Mas a oposição nega. Na praça Tahrir e arredores, segue a tensão.



EFE   
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