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Distúrbios no Mundo Árabe

Policiais mobilizam-se na Argélia para evitar protestos

26 fev 2011 - 09h01
(atualizado às 09h54)
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A polícia argelina voltou a se mobilizar neste sábado na capital do país para impedir uma nova manifestação da oposição que pede reformas políticas, mas com um dispositivo menos importante que em semanas anteriores, comprovaram jornalistas da

info infográfico distúrbios mundo árabe
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Foto: AFP
AFP

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O protesto previa começar às 11h00 locais (07h00 de Brasília) na Praça dos Mártires em direção à Praça de Primeiro de Maio, quatro quilômetros mais longe, o mesmo percurso, mas no sentido contrário, das manifestações proibidas de 12 e 19 de fevereiro. Na Praça dos Mártires, os acessos estavam fechados por centenas de policiais, com capacetes e escudos, enquanto que a Praça Primeiro de Maio também estava ocupada pelas forças de segurança e veículos blindados.

No ar, um helicóptero vigiava a zona central de Argel.

A oposição ao regime de Abdelaziz Buteflika dividiu-se nesta semana sobre o caminho que os protestos deveriam tomar.

A sociedade civil e os sindicatos, representados na Coordenação Nacional pela Mudança e Democracia (CNCD), decidiram não protestar, enquanto a Assembleia pela Cultura e Democracia (RCD) fará protestos todos os sábados, segundo seu líder, Said Sadi.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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