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Mundo

Polícia usa gás lacrimogêneo contra jovens na Tunísia

25 fev 2011 - 15h19
(atualizado às 15h36)
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As forças militares e policiais que protegem o ministério do Interior tentaram dissolver nesta sexta-feira com gás lacrimogêneo e disparos ao ar aos mais de três mil manifestantes, em sua maioria jovens, contra o governo de transição e o primeiro- ministro Mohammed Gannouchi, como constatou a agência EFE.

Após os primeiros disparos de metralhadoras para dispersar os manifestantes, os jovens tentaram atacar o Ministério por uma rua lateral, o que levou à Polícia a lançar bombas de gás lacrimogêneo a partir do interior do prédio em direção à rua.

Apesar da ação, grupos de jovens continuaram tentando lançar pedras e garrafas contra o Ministério do Interior .

Vários cidadãos fugiram por todos os sentidos da avenida Habib Bourguiba para se afastar do local dos incidentes.

As forças policiais utilizaram o terraço da sede de Interior de onde tentaram controlar a situação lançando gás lacrimogêneo contra centenas de jovens que permanecem na região.

Os tiros para o alto de metralhadoras são incessantemente ouvidos na área.

A avenida Bourguiba e as ruas adjacentes tiveram o trânsito interrompido.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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