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Mundo

Polícia e manifestantes se enfrentam pelo 5º dia no Egito

23 nov 2011 - 12h00
(atualizado às 15h08)
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Violentos confrontos prosseguiam nesta quarta-feira pelo quinto dia consecutivo entre a polícia e milhares de egípcios que exigem a saída dos militares do poder, apesar da promessa do chefe das Forças Armadas de organizar uma eleição presidencial em meados de 2012.

Manifestantes carregam companheiro ferido durante confronto com a polícia
Manifestantes carregam companheiro ferido durante confronto com a polícia
Foto: AP

Pela primeira vez, médicos relataram mortes por balas de verdade. Pela manhã, três pessoas morreram, o número de mortos subiu para 33 desde sábado.

A contestação contra os militares que governam o país desde a queda do presidente Hosni Mubarak continua a se espalhar por várias cidades do país.

Confrontos foram relatados em Alexandria e Port-Sa¯d (norte), Suez, Qena (centro), Assiut e Aswane (sul) e na província de Daqahliya, no delta do Nilo.

A alta comissária da ONU para os direitos Humanos, Navi Pillay, pediu uma investigação "rápida, imparcial e independente" sobre a violência.

Muitos militantes egípcios acusam os policiais de mirarem o rosto dos manifestantes, vários entre eles perderam a visão.

Pressionado, o marechal Hussein Tantawi, chefe de Estado de fato, afirmou que organizará uma eleição presidencial antes do fim de junho de 2012. Ele disse estar pronto para passar o poder adiante caso um eventual referendo decida por isso.

Os milhares de manifestantes, determinados a continuarem em Tahrir até o fim, não acreditam nas palavras do marechal, que foi ministro da Defesa do antigo regime e que é muito comparado com seu mentor Hosni Mubarak.

"Está claro que a mesma pessoa que escrevia os discursos do ex-presidente Mubarak é a mesma que escreve os discursos do marechal", ironiza o Movimento dos Jovens do 6 de abril em um comunicado.

"Tantawi é Mubarak copiado e colado. É Mubarak vestido com roupas militares", afirmou um manifestante, Ahmed Mamduh, de 35 anos.

Durante o levante histórico que derrubou o ex-presidente, a multidão ocupou a emblemática Praça Tahrir, no centro da capital. Cada discurso de Mubarak aumentava a ira dos manifestantes até o momento em que foi obrigado a deixar o poder no dia 11 de fevereiro.

A determinação da rua, que já provocou a renúncia do governo escolhido pela junta militar, sugere uma queda de braço longa, já que as primeiras legislativas desde a queda Mubarak devem acontecer em cindo dias.

"Uma segunda revolução" foi a manchete desta quarta-feira do jornal Al Akhbar, enquanto o Al Ahram afirmou: "mais o período de transição se prolonga, mais a crise de confiança se aprofunda entre as duas partes".

"O conselho (militar) é o problema e não a solução", disse o editorial do jornal independente Al Masri al Yom.

Neste contexto de crise, é possível prever que as legislativas serão marcadas pela violência. Mas, Tantawi assegurou que elas acontecerão no dia 28 de novembro.

O chefe das Forças Armadas também aceitou a renúncia do primeiro-ministro Essam Charaf, nomeado pelo conselho militar em março para gerir os assuntos cotidianos.

Estes anúncios foram feitos após a reunião do Conselho Superior das Forças Armadas (CSFA) com vários movimentos políticos, entre eles a influente Irmandade Muçulmana.

O CSFA evocou a possibilidade de nomear o antigo chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, como novo primeiro-ministro, afirmou à AFP uma fonte militar, mas esta hipótese não foi confirmada.

ElBaradei, por sua parte, denunciou o "massacre" na Praça Tahrir e acusou as forças de segurança de utilizar "gás lacrimogêneo contendo agentes nervosos".

A Irmandade Muçulmana, que representa a força política melhor organizada do país, boicotou a manifestação de Tahrir e na terça-feira pediu calma. O grupo espera ansioso as eleições.

Os Estados Unidos condenaram "o uso de força excessiva" pela polícia e pediu que o governo proteja o direito de manifestação, enquanto três americanos foram presos "por estarem nas manifestações", segundo o departamento de Estado.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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