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Mundo

Polícia do Iêmen abre fogo e mata um manifestante

13 mar 2011 - 13h04
(atualizado às 13h57)
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Uma pessoa morreu e muitas ficaram feridas neste domingo após a polícia do Iêmen disparar tiros e usar bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes que pediam o fim do governo de 32 anos de Ali Abdullah Saleh, disseram fontes médicas.

Manifestantes antigoverno prendem um homem simpatizante do presidente Ali Abdullah Saleh durante protesto em Sanaa
Manifestantes antigoverno prendem um homem simpatizante do presidente Ali Abdullah Saleh durante protesto em Sanaa
Foto: Reuters

Testemunhas afirmaram que a maioria dos feridos foi atendida em decorrência dos efeitos do gás, mas que alguns haviam sido atingidos por balas. Dois eram considerados em estado grave. Os manifestantes têm acampado há dias na Universidade de Sanaa.

Os Estados Unidos veem Saleh como um importante aliado na luta contra a célula da al Qaeda instalada no país, mas têm ficado cada vez mais alertas diante da escalada de violência.

A televisão Al Jazeera mostrou médicos atendendo iemenitas cobertos de sangue e tossindo por causa do gás lacrimogêneo em um hospital de campanha na universidade. Milhares de pessoas haviam se reunido mais cedo no local, montando barricadas em uma tentativa de se separar da polícia, que usou canhões de água.

No sábado, quatro pessoas, incluindo um garoto de 12 anos, foram mortas em protestos no país. O número de vítimas fatais em dois meses de manifestações supera 30 no Iêmen.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos em diversas capitaos, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de fevereiro para xingar e ameaçar de morte os opositores, que desafiam seu governo já controlam partes do país. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísiae o Egitovivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

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