PUBLICIDADE

África

Piloto líbio se nega a bombardear Benghazi e se ejeta de caça

23 fev 2011 - 12h11
(atualizado às 12h35)
Compartilhar

Um caça da Força Aérea líbia caiu nesta quarta-feira depois que o piloto, negando-se a obedecer as ordens de bombardear a cidade de Benghazi, se ejetou do avião, informa a imprensa líbia.

info infográfico líbia infromações sobre o país
info infográfico líbia infromações sobre o país
Foto: AFP

O caça de fabricação russa Sukhoi 22 caiu perto de Ajdabiya, que fica 160 km ao oeste de Benghazi, cidade que está sob controle de manifestantes da oposição, afirmou uma fonte militar ao jornal Quryna, que publicou a notícia em seu site.

"O piloto Abdessalam Attiyah al-Abdali e o co-piloto Ali Omar al-Kadhafi se ejetaram com para-quedas depois que se recusaram a obedecer as ordens para bombardear a cidade de Benghazi", declarou a mesma fonte.

Benghazi e a maioria do leste da Líbia não está sob controle do governo central desde a revolta da semana passada contra o regime do líder líbio, Muammar Kadafi.

Em um discurso ao vivo pela TV na noite de terça-feira, Kadafi ameaçou com violência os grupos que estavam desafiando seu governo.

O jornal Quryna, com sede em Benghazi, é a fonte de mídia mais confiável na Líbia. O jornal pertence a um grupo ligado a um filho de Kadafi, Saif al-Islam, mas desde que o governo central, em Trípoli perdeu o controle sobre Benghazi, o veículo tem divulgado informações abertamente sobre os eventos na cidade e em outras regiões do país.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade