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Mundo

Países divergem sobre zona de exclusão aérea na Líbia

10 mar 2011 - 15h01
(atualizado às 17h00)
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O Conselho de Segurança da ONU vai esperar o término das reuniões da Liga Árabe e da União Africana antes de votar a criação de uma eventual zona de exclusão aérea na Líbia, anunciaram nesta quinta-feira diplomatas, revelando a existência de divergências dentro do Conselho.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

"Há uma divisão profunda" entre os membros do Conselho de Segurança da ONU sobre o assunto, informou um diplomata árabe que preferiu não se identificar. A China e a Rússia são contra qualquer ação do Conselho que possa significar uma intervenção militar, explicaram diplomatas.

Franceses e britânicos redigiram um projeto de resolução, mas ainda não passaram o texto para os outros treze países membros do Conselho.

A França foi o primeiro país a reconhecer o órgão de oposição ao regime do coronel Muammar Kadafi, o Conselho Nacional de Transição (CNT), como "representante legítimo do povo líbio".

"Estudamos todas as opções, realmente. Mas devemos também levar em consideração a realidade do Conselho de Segurança", destacou à imprensa o embaixador da França na ONU, Gérard Araud.

"Os próximos dias serão muito importantes já que faremos muitas reuniões de alto nível, a Liga Árabe e a União Africana também", acrescentou. "Veremos o que esses grupos vão fazer e se nós podemos considerar a possibilidade de ir ante o Conselho de Segurança", acrescentou.

"Creio que até o início da semana que vem, saberemos o que será possível e o que não será", explicou.

Ao ser questionado sobre uma resolução de zona de exclusão aérea, Araud informou que "no momento atual, as coisas não estavam maduras".

"Temos nossos pontos de vista nacionais que foram expressos pelo presidente Sarkozy, veremos se os outros países compartilham da nossa posição", completou.

O Conselho de Segurança já aplicou, no dia 26 de fevereiro, severas sanções contra o regime do coronel Kadafi, incluindo uma proibição de viagem, congelamento dos bens do líder líbio e próximos, além de um embargo de armamentos.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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