Os Kadafi vão viver e morrer na Líbia, diz filho de líder
O filho do líder líbio Muammar Kadafi, Saif al Islam, afirmou a um canal de televisão turco que sua família está decidida a viver e morrer na Líbia, independente do que acontecer, e impedir que os terroristas controlem uma parte do país.
Indagado por um jornalista do canal CNN-Türk sobre uma possível fuga de sua família se os rebeldes vencerem, Saif al Islam respondeu: "Nosso primero plano é viver e morrer na Líbia. Nosso plano alternativo é viver e morrer na Líbia", declarou, segundo a tradução turca de suas afirmações.
O filho de Muammar Kadafi reconheceu que os partidários do líder já não controlam a parte oriental da Líbia, mas assegurou que recuperariam o controle dessa zona.
"Há mais de dois milhões de habitantes nessa zona e os terroristas são 200 ou 300, no máximo. Não podemos permitir que um punhado de terroristas controle uma parte da Líbia e sua população", concluiu.
O filho do líder líbio disse ainda que o governo jamais irá destruir as riquezas de petróleo da Líbia em sua luta para combater a insurgência. "Jamais destruiremos as fontes de petróleo. Elas pertencem ao povo", disse Saif.
Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.
Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.
Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.
Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.