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Mundo

Oposição egípcia cria comitê para negociar com militares

30 jan 2011 - 14h19
(atualizado às 15h39)
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A Irmandade Muçulmana, maior grupo opositor egípcio, e a organização liderada pelo Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei criaram um comitê para analisar com o Exército o final do regime de Hosni Mubarak, anunciaram neste domingo.

info infográfico distúrbio mundo árabe
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Foto: AFP

O dirigente da Irmandade Muçulmana Saad al-Katatni disse à Agência Efe por telefone que "o comitê poderá realizar amanhã uma reunião com responsáveis militares para analisar uma possível mudança do regime no Egito".

Katatni afirmou que esse comitê de caráter laico e que reúne diferentes movimentos opositores quer estudar com o Exército a saída de Mubarak do país, a formação de um governo transitório e a realização de eleições livres.

Desde a terça-feira passada, o Egito vive uma onda de protestos populares, apoiada pelos grupos opositores, contra o regime de Mubarak, de 82 anos e no poder há três décadas.

No sábado, Mubarak, nomeou dois generais para ocupar os cargos de vice-presidência e a chefia do governo.

Omar Suleiman, chefe dos serviços de inteligência, foi designado para ser vice-presidente, e o também general Ahmed Shafiq recebeu a ordem de formar Governo, após a renúncia, a pedido de Mubarak, do gabinete anterior presidido pelo civil Ahmed Nazif.

Egípcios desafiam governo Mubarak

A onda de protestos dos egípcios contra o governo do presidente Hosni Mubarak, iniciados no dia 25 de janeiro, tomou nova dimensão na última sexta-feira. O governo havia tentado impedir a mobilização popular cortando o sinal da internet no país, mas a medida não surtiu efeito. No início do dia, dois mil egípcios participaram de uma oração com o líder oposicionista Mohamad ElBaradei, que acabou sendo temporariamente detido e impedido de se manifestar.

Os protestos tomaram corpo, com dezenas de milhares de manifestantes saindo às ruas das principais cidades do país - Cairo, Alexandria e Suez. Mubarak enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher, o qual acabou virtualmente ignorado pela população. Os confrontos com a polícia aumentaram, e a sede do governista Partido Nacional Democrático foi incendiada.

Já na madrugada de sábado (horário local), Mubarak fez um pronunciamento à nação no qual ele disse que não renunciaria, mas que um novo governo seria formado em busca de "reformas democráticas". Defendeu a repressão da polícia aos manifestantes e disse que existe uma linha muito tênue entre a liberdade e o caos. A declaração do líder egípcio foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981.

Mubarak, à revelia da pressão popular que persiste nas cidades egípcias, não renunciou. Segundo o último balanço feito pela agência AFP junto a fontes médicas, já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.



EFE   
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