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Mundo

Oposição cria coalizão contra al-Assad; regime segue bombardeios

11 nov 2012 - 05h43
(atualizado às 12h00)
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As diferentes formações da oposição síria firmaram neste domingo em Doha um acordo sobre a constituição de uma coalizão nacional unificada com o objetivo de lutar contra o regime de Bashar al-Assad, declarou à AFP um dirigente da oposição. "Este acordo é fruto de um compromisso gerado após intensas negociações entre os partidos da oposição, entre eles o Conselho Nacional Sírio (CNS)", afirmou Sadredin Bayanuni, ex-chefe da Irmandade Muçulmana da Síria.

Em Ras al-Ain, na fronteira com a Turquia, conflitos desde sexta-feira, quando oposição dominou região, teriam deixado mais de 40 mortos
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Foto: Reuters

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Os representantes dos diferentes grupos estiveram reunidos desde quinta-feira em um hotel da capital do Qatar, que abriga as negociações, para longos debates, que se prolongaram pela madrugada. Após fechar o acordo esta madrugada, está previsto que as organizações participantes estudem ao longo deste domingo os detalhes sobre a nova aliança.

À Al Jazeera, o ex-presidente do CNS, Burhan Galion, explicou à imprensa no Catar que "houve um progresso real". "Haverá um acordo político para uma ação comum e um corpo político para supervisionar a ação militar". Este acordo é fruto do compromisso entre o CNS e as demais formações que apoiam um plano baseado na iniciativa do ex-deputado Riad Seif para estabelecer uma instância executiva suscetível de tratar com a comunidade internacional e canalizar as ajudas.

O CNS foi alvo de fortes pressões árabes e internacionais no sábado à noite para que aceitasse firmar um acordo sobre a unificação da oposição. "O mais importante é que o acordo enfatize a necessidade de trabalhar em conjunto após a queda do regime e especifica claramente que não haverá nenhum tipo de diálogo" com Assad, disse Ahmad Ramadan, dirigente do CNS.

A coalizão, segundo ele, teria que "trabalhar para unificar os conselhos militares" que combatem no terreno das tropas do regime. A comunidade internacional considerava até pouco tempo atrás o CNS como o "interlocutor legítimo", mas o mesmo tem sido alvo de fortes críticas, principalmente por parte dos Estados Unidos, por sua falta de representatividade.

A Síria tem sido assolada desde março de 2011 por um conflito surgido pela repressão brutal de uma revolta popular contra o regime de Bashar al-Assad. Este movimento de protesto tem se militarizado com o tempo e já deixou 35.000 mortos, segundo uma ONG síria.

Ontem, o regime de Damasco afirmou que a conferência de Doha é uma nova forma de intervenção estrangeira na Síria, já que as iniciativas tratadas foram propostas por outros países, como os Estados Unidos. O ministro da Informação, Omran al Zubi, disse que recorrer a partes estrangeiras e realizar reuniões sob seu auspício é "vergonhoso e humilhante", conforme publicou a agência de notícias oficial Sana.

Combates em Aleppo e Damasco

As tropas regulares sírias bombardearam neste domingo linhas rebeldes próximas a Damasco e Aleppo, e os enfrentamentos continuam na região fronteiriça com a Turquia, Ras al-Ain, no noroeste, disse o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Os eventos acontecem após uma série de conflitos e incidentes ocorridos no sábado, nos quais morreram 119 pessoas em todo o país - 42 soldados, 32 combatentes rebeldes e 45 civis - de acordo com um balanço da organização.

Em torno da meia-noite de sábado foram iniciados enfrentamentos entre o exército e os rebeldes na região de Harasta, no nordeste de Damasco, disse o organismo com sede na Grã-Bretanha. O Comitê de Coordenação Local, uma organização que reagrupa militantes da oposição no terreno, informou que durante a noite o regime bombardeou as forças rebeldes no sudoeste da capital e em Yabrud, no norte.

Em Aleppo, onde os rebeldes e as forças do regime se enfrentam desde julho, disparos de morteiro caíram nas áreas ocupadas pelos rebeldes de Shaar, no leste, Sukari, no sul, e Halab al Jadida, no oeste, segundo o OSDH. Habitantes dos distritos de Zahraa e Liramun (noroeste) indicaram que também foram realizados grandes enfrentamentos na zona.

Segundo o OSDH, ainda foram iniciados combates durante a noite em torno de Ras al-Ain, na província de Hasakeh. A região, de maioria curda, registrou uma série de enfrentamentos nos últimos dias, com 46 combatentes mortos e a tomada na sexta-feira de Ras al-Ain pela oposição. O OSDH informou, no sábado, que habitantes curdos respaldados pela milícia do Partido da União Democrática (PYD) tomaram o controle de três localidades próximas à fronteira com a Turquia após convencer as forças pró-governo a deixar suas posições. O PYD possui vínculos com os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

No sábado, as forças do regime também abandonaram Amuda, no nordeste de Derbasiye, na fronteira com a Turquia, segundo o OSDH.

Com informações da EFE e da AFP

Fonte: Terra
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