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África

ONU: não há proposta oficial para zona de exclusão aérea na Líbia

2 mar 2011 - 17h49
(atualizado às 19h02)
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O presidente rotativo do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o embaixador chinês Li Baodong, afirmou nesta quarta-feira que não recebeu nenhuma proposta oficial para declarar uma zona de exclusão aérea na Líbia.

info infográfico líbia infromações sobre o país
info infográfico líbia infromações sobre o país
Foto: AFP

"A ideia ronda os corredores, e os países têm diferentes posições, mas até agora não há nada oficial, ninguém apresentou uma proposta ao Conselho", afirmou Li em entrevista coletiva para apresentar a agenda de trabalho do principal órgão de segurança durante março.

O embaixador assinalou que qualquer ação que se possa adotar depois das sanções impostas ao regime de Muammar Kadafi no sábado passado dependerá "de como se desenvolva a situação na Líbia".

Segundo indicou, Pequim segue o conflito no país norte-africano com "muita preocupação" e considera que se devem seguir "três princípios" para abordar desde o exterior esta crise.

O primeiro é o respeito à soberania e a independência da Líbia e o segundo é que esta "crise política deve resolver-se mediante meios pacíficos, como o diálogo".

"É preciso proteger a segurança e os direitos do povo líbio e dos estrangeiros", ressaltou.

Em terceiro lugar, o embaixador mencionou a importância para que o Conselho de Segurança e a comunidade internacional "prestem atenção e respeitem as opiniões e posições dos países árabes e africanos".

Vários embaixadores no Conselho de Segurança indicaram na terça-feira que a implantação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia pode ser o próximo passo, mas ao mesmo tempo asseguraram que a medida não se contempla por enquanto.

A Liga Árabe anunciou nesta quarta-feira, depois de se reunir no Cairo, que realizará consultas para "recorrer à imposição de uma zona de exclusão área", sem dar mais detalhes.

O Conselho Nacional formado nesta quarta-feira pela oposição líbia em Benghazi pediu ao Conselho de Segurança da ONU que lance um ataque aéreo "contra os mercenários" do regime de Kadafi, embora se mostrou contrário a uma intervenção militar estrangeira.

Por sua parte, o líder líbio advertiu que se os Estados Unidos ou os países da Otan entrarem na Líbia "haverá milhares de mortos", depois que suas Forças tenham recuperado a iniciativa nos últimos dias para tratar de sufocar a rebelião que ocorreu com o controle de grande parte do país.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

EFE   
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