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África

ONU calcula que 100 mil podem fugir da Líbia para o Níger

2 mar 2011 - 17h57
(atualizado às 19h24)
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Cerca de 100 mil africanos podem tentar a travessia da Líbia para o Níger nas próximas semanas, muitos deles com medo de serem mortos por rebeldes líbios que os identificam como mercenários, segundo relatório divulgado na quarta-feira pela Ocha (agência da ONU para auxílio humanitário). O texto afirma que mais de mil africanos entraram na semana passada no Níger pelo posto fronteiriço Dirkou e contaram que outros migrantes estavam assustados demais para se locomoverem.

Funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) disseram que o eventual êxodo de africanos da Líbia para o sul geraria uma enorme sobrecarga para o Níger, um dos países mais pobres do mundo. Cerca de 500 pessoas chegaram só na terça-feira das cidades líbias de Trípoli, Misurata e Sabah, e disseram que muitos subsaarianos, a maioria migrantes que estavam trabalhando na Líbia, estavam escondidos, de acordo com a Ocha. "Eles relataram que muitos estão bloqueados em suas casas, sem nenhuma chance de sair e sem ajuda, em Mursuk, Sabah, Misurata, Trípoli e Benghazi", disse o informe.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

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