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Oriente Médio

Com Hezbollah, regime sufoca Qusair; "só tem mato para comer", diz rebelde

Rebeldes relatam que a cidade de Qusair foi "bombardeada por todos os lados" e que os civis estão encurralados: "só resta mato para comer"

20 mai 2013 - 05h37
(atualizado às 16h45)
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Imagem da agência oficial Sana mostra um soldado sírio posicionado durante a batalha por Qusair
Imagem da agência oficial Sana mostra um soldado sírio posicionado durante a batalha por Qusair
Foto: AFP

O Hezbollah libanês lutava nesta segunda-feira na linha de frente de combate junto com o Exército sírio contra os rebeldes em Qusair, uma cidade estratégica onde o movimento xiita perdeu ao menos 28 de seus combatentes. No norte de Damasco, o Exército avançou em parte do bairro de Barzé, sob controle rebelde, que foi bombardeado incessantemente pela artilharia.

As forças de Bashar al-Assad e de seu aliado xiita Hezbollah lançaram no domingo um ataque a Qusair, localidade estratégica para o regime, já que liga a capital Damasco com o litoral, mas também para os rebeldes, porque serve de passagem para as armas e combatentes do Líbano.

Segundo uma fonte militar síria, o Exército se apoderou do sul, do leste e do centro da cidade, e se dirigia ao norte, onde os rebeldes se entrincheiraram. Os rebeldes, que controlam a área há mais de um ano, negaram esse avanço.

Segundo a rede de televisão oficial, "o Exército persegue os terroristas (rebeldes) nos setores norte e oeste de Qusair". O jornal Al-Watan, ligado ao regime, indicou que o Exército tem o controle da "maioria dos locais vitais" da cidade e "destruiu o quartel-general dos rebeldes". Muitos comandantes rebeldes retiraram-se em direção a Trípoli, grande cidade do norte do Líbano.

Fortemente presente nos combates de rua, o Hezbollah libanês, que se envolveu em guerras contra Israel, tem um papel importante nos combates na Síria, onde perdeu 28 "membros de elite" no domingo, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Uma fonte do partido xiita libanês indicou 20 mortos e 30 feridos nos combates.

Acompanhados de uma multidão, membros do Hezbollah carregam o caixão de Fadi Jazar durante seu funeral em Beirute
Acompanhados de uma multidão, membros do Hezbollah carregam o caixão de Fadi Jazar durante seu funeral em Beirute
Foto: AFP

"Foram eles que começaram o ataque no domingo, entraram na frente e por isso perderam 28 homens", explicou Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH. O corpo de um deles, Fadi Jazar, que já havia sido preso por Israel antes de ser libertado em 2004 durante uma troca de prisioneiros, foi levado para Beirute, onde um funeral foi organizado nesta segunda.

Civis encurralados

Os rebeldes de Qusair denunciaram "um ataque asfixiante efetuado pelo regime e pelo Hezbollah libanês". "Qusair era bombardeada por todos os lados", afirmou via Skype à AFP Hadi Abdullah, um insurgente na frente de batalha. "Ao contrário do que o regime diz, não há saída para os civis. Cada vez que tentamos retirar alguém, atiradores emboscados disparam contra nós, inclusive contra crianças e mulheres", acrescentou.

"O Exército controla a parte leste e o Hezbollah tenta avançar para o interior da cidade", indicou, acrescentando que "as pessoas dormem no chão. Se escondem porque tentar deixar a cidade é suicídio". "A água foi cortada e não há eletricidade há quatro meses. Só resta mato para comer. O estado dos feridos é dramático. Hoje, quarenta pessoas foram feridas e nós não temos medicamentos, nem equipamentos, para tratá-los", relatou.

Imagem da TV síria mostra a destruição na cidade de Qusair
Imagem da TV síria mostra a destruição na cidade de Qusair
Foto: AFP

EUA condenam ofensiva

Os Estados Unidos condenaram nesta segunda o ataque do governo sírio ao reduto rebelde e o envolvimento do Hezbollah nesta ofensiva.

"Os Estados Unidos condenam energicamente os intensos ataques aéreos e de artilharia do regime de Assad neste fim de semana à cidade de Qusair, na fronteira libanesa", declarou o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Patrick Ventrell.

"O regime de Assad provoca deliberadamente tensões sectárias com estes ataques", acrescentou Ventrell, antes de "condenar também o envolvimento direto do Hezbollah na ofensiva em Qusair, onde seus combatentes têm um papel importante".

Batalhas às vésperas de encontros importantes

Na mesma província de Homs, a artilharia síria bombardeou a cidade rebelde de Rastan, segundo o OSDH. Na cidade de Raqqa, no norte do país, um ataque aéreo causou a morte de uma mulher e de oito crianças.

A batalha decisiva de Qusair é travada dois dias antes da reunião na quarta-feira em Amã do grupo "Amigos da Síria", formado por países hostis ao regime de Assad. Onze ministros participarão da reunião, entre eles o secretário americano de Estado, John Kerry.

Outra reunião será realizada posteriormente em Istambul com a participação dos grupos opositores sírios, e nela se decidirá se estes participarão da conferência internacional que os Estados Unidos e a Rússia pretendem organizar em junho para tentar acabar com dois anos de uma guerra civil que já deixou ao menos 94.000 mortos, de acordo com o OSDH.

No domingo, 164 pessoas - 27 civis, 102 rebeldes, 35 soldados - morreram em meio à violência na Síria. No plano humanitário, a organização Oxfam lançou um apelo urgente por doações, alertando que o verão aumentará os problemas de saúde entre os milhares de refugiados sírios, particularmente na Jordânia e no Líbano, devido às más condições de higiene nos locais.

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