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Mundo

Obama fará pronunciamento sobre situação no Egito

1 fev 2011 - 20h38
(atualizado às 21h33)
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O presidente americano, Barack Obama, vai se pronunciar agora à noite sobre os acontecimentos no Egito, informou o porta-voz do conselho de segurança nacional, Tommy Vietor, depois de o presidente Hosni Mubarak ter afirmado que não tentará a reeleição, mas que não pretende renunciar.

Começa greve geral no Egito:

Segundo Vietor, o pronunciamento de Obama na Casa Branca seguirá a uma reunião de 80 minutos mantida com conselheiros da segurança nacional sobre os protestos no Egito. O porta-voz afirmou que Obama assistiu na Casa Branca ao discurso de Mubarak transmitido pela televisão nacional, ao lado de funcionários de alto escalão do governo, entre eles a secretária de Estado, Hillary Clinton.

"O anúncio do presidente (egípcio) foi importante, mas a questão é saber se satisfará as exigências das pessoas que se concentraram na praça Tahrir, da Libertação", declarou um outro funcionário que preferiu não ter o nome divulgado. "O que está claro, é que o movimento ganha força e não vai parar", prosseguiu.

Um dirigente americano havia confirmado, antes, que Obama pedira a Mubarak que não se apresentasse às eleições egípcias de setembro, através de mensagem transmitida por um ex-embaixador americano no Cairo, Frank Wisner.

O recado levado por Frank Wisner a Mubarak "era o de que o tempo dele no poder aproximava-se do fim", detalhou. "A questão é saber se ele parte agora ou mais tarde. Nossa mensagem dizia simplesmente que é preciso admitir o que o povo quer". Mubarak demonstrou que entendeu em parte a mensagem, "mas a grande questão é saber se o povo quer mais, e isto é perfeitamente possível", acrescentou.

Mais cedo nesta terça-feira, um funcionário americano revelou que a embaixadora dos Estados Unidos no Cairo, Margaret Scobey, conversou por telefone com Mohamed ElBaradei, um dos líderes da oposição egípcia. Margaret Scobey repetiu a ElBaradei a posição pública dos Estados Unidos sobre a crise: Washington deseja a transição política, mas não quer ditar para o Egito a direção a tomar, segundo a mesma fonte.

Domingo, ElBaradei havia criticado os Estados Unidos pela prudência em relação às manifestações contra um governo que ainda é um de seus principais aliados, e um dos mais importantes recebedores de sua ajuda militar, no Oriente Médio.

Protestos convulsionam o Egito

A onda de protestos contra o presidente Hosni Mubarak, iniciados em 25 de janeiro, tomou nova dimensão no dia 29. O governo havia tentado impedir a mobilização cortando a internet, mas a medida não surtiu efeito. O líder então enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher - ignorado pela população - e disse que não renunciaria. Além disso, defendeu a repressão e anunciou um novo governo, que buscaria "reformas democráticas". A declaração foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da política antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na segunda-feira, o principal grupo opositor, os Irmãos Muçulmanos, disse que não vão dialogar com o novo governo. Depois de um domingo sem enfrentamentos, os organizadores dos protestos convocaram uma enorme mobilização para a terça, dia 1º de fevereiro. Uma semana após o início dos protestos, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que informações não confirmadas sugerem que até 300 pessoas podem ter morrido e que há mais de 3 mil feridos do país.



AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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