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Mundo

Na Argélia, oposição se prepara para novos protestos

5 mar 2011 - 08h47
(atualizado às 09h25)
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Uma parte da oposição argelina pretendia sair novamente às ruas neste sábado em Argel e Orã para pedir democracia, apesar do governo ter proibido os protestos. "Estamos prontos para nossa passeata e estarei em El Madania", afirmou o presidente da Congregação pela Cultura e Democracia (RCD), Said Saadi, a respeito do bairro popular do centro da capital, próximo do Monumento aos Mártires.

Saadi é membro de uma ala da Coordenadoria Nacional para a Mudança e a Democracia, que lidera os protestos. Na praça de El Madania, dezenas de manifestantes se reuniram no fim da manhã, mas eram criticados por moradores do bairro. "Que Said Saadi traga seus filhos da França para que protestem. Nós não temos que fazer isto", disse um deles à AFP.

Simpatizantes do governo gritavam que "Buteflika não é Mubarak", para evitar uma comparação entre o presidente argelino Abdelaziz Buteflika e o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, obrigado a renunciar após a pressão das ruas em 18 de fevereiro.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos em diversas capitaos, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de fevereiro para xingar e ameaçar de morte os opositores, que desafiam seu governo já controlam partes do país. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísiae o Egitovivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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