PUBLICIDADE

Oriente Médio

Massacre em Aleppo faz 80 vítimas; governo e rebeldes trocam acusações

29 jan 2013 - 09h37
(atualizado às 19h35)
Compartilhar
Exibir comentários

Cerca de 80 corpos de jovens executados foram encontrados nesta terça-feira na cidade síria de Aleppo. O massacre é o mais novo capítulo da guerra civil que consome o país e que já deixou mais de 60 mil mortos em cerca de dois anos. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), as vítimas tinham em torno de 20 anos e foram executadas com tiros na cabeça. Eles vestiam roupas comuns e a maioria estava com as mãos atadas às costas. 

Dezenas de corpos de homens e meninos executados foram encontrados às margens de um rio em Aleppo
Dezenas de corpos de homens e meninos executados foram encontrados às margens de um rio em Aleppo
Foto: AFP

Guerra civil na Síria: origens, capítulos, impasses e destinos

Quem são os oposicionistas sírios?

Infográfico: linha do tempo conta a história do conflito na Síria 

Especial: luta por liberdade revoluciona norte africano e península arábica

Na escola Yarmouk, para onde foram levados os cadáveres, Abou Seif, rebelde do Exército Sírio Livre (ESL), afirmou que 78 corpos tinham sido encontrados no rio Qouweiq e que ainda restavam por volta de trinta que o ESL não tinha conseguido retirar do local em razão da presença de atiradores emboscados. "Não sabemos quem eles são porque estão sem seus documentos de identidade", declarou um voluntário que ajudava a colocar os corpos em um caminhão. No veículo, um correspondente da AFP contou quinze cadáveres.

O regime "jogou-os no rio para que chegassem à área sob nosso controle, para que as pessoas acreditassem que fomos nós que os matamos", afirmou Abou Seif. Mas uma autoridade dos serviços de segurança afirmou à AFP que os corpos são de "cidadãos de Boustane al-Kasr que foram sequestrados por grupos terroristas depois de terem sido acusados de serem a favor do regime" - o governo identifica os rebeldes como "terroristas". Eles foram retirados do rio que separa Boustane al-Kasr e Ansari, bairro que também foi tomado pelos rebeldes.

"Suas famílias tentaram negociar (sua libertação) várias vezes com os grupos terroristas", disse, acrescentando: "Eles foram executados na noite de segunda para terça-feira e seus corpos foram jogados no rio". Rebeldes e regime trocam acusações por massacres, mas não é possível confirmar as informações por fontes independentes.

Outros combates

Em outras partes do país, os insurgentes avançaram em Deir Ezzor (leste), tomando um posto da inteligência política e de duas pontes sobre o rio Eufrates, na estrada utilizada pelo Exército para a passagem de provisões para a cidade de Hassaké, mais ao norte, indicou o OSDH. "Se os rebeldes mantiverem seu avanço, eles conquistarão uma vitória estratégica porque a cidade é a chave de toda a província (de mesmo nome) que abriga os principais campos de petróleo e gás do país", afirmou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Os rebeldes controlavam também quase toda a prisão central de Idleb (noroeste), segundo a ONG. Uma fonte dos serviços de segurança confirmou que os soldados tinham se retirado na segunda-feira à noite da prisão e que os detentos foram transferidos para as sedes dos serviços de segurança na cidade. Em Damasco, um deputado ficou gravemente feridos na explosão de uma bomba colocada em seu carro, de acordo com o OSDH.

Segundo um registro provisório do OSDH, a violência deixou nesta terça 91 mortos: 38 civis, incluindo seis crianças, 30 soldados e 23 rebeldes. Um dia antes do início de uma conferência de doadores no Kuwait para desbloquear recursos em favor dos civis sírios, organizações de caridade prometeram US$ 182 milhões em ajuda e os Estados Unidos anunciaram mais US$ 155 milhões.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade
Publicidade