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África

Marrocos: forças de segurança impedem manifestação

21 fev 2011 - 16h16
(atualizado às 18h56)
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Agentes antidistúrbios das forças de segurança marroquinas impediram nesta segunda-feira com uso da força a realização de uma concentração a favor de uma "constituição democrática" em Rabat, como constatou a agência EFE.

info infográfico distúrbios mundo árabe
info infográfico distúrbios mundo árabe
Foto: AFP

A presidente da Associação Marroquina de Direitos Humanos (AMDH) - a principal do país -, Jadiya Riyadi, teve que ser transferida em uma ambulância a um hospital por traumatismos sofridos após receber diversos golpes das Forças de segurança.

Outros três membros da AMDH ficaram feridos, enquanto a quinta pessoa hospitalizada é um pedestre que foi atingido por um veículo quando tentava sair do local e apresenta contusões na cabeça.

Cerca de 30 jovens do chamado Movimento 20 de Fevereiro tinham se reunido na praça Bab el-Had da capital marroquina, quando dezenas de membros da Polícia e das Forças Auxiliares usaram cassetetes para dispersar o protesto.

Os jovens deste grupo criado na rede social Facebook tinham convocado o ato para às 18h30 local (15h30 de Brasília) desta segunda-feira como uma continuação dos protestos que no domingo mobilizaram milhares de manifestantes em diferentes pontos do Marrocos para exigir "liberdade, justiça e dignidade".

Depois que as forças antidistúrbios cercaram o grupo, os jovens começaram a gritar frases como "oprimidos em nosso próprio país" e "queremos liberdade", e assim que começaram a aplaudir, policiais dispersaram a manifestação.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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