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Mundo

Manifestação marcada para sábado eleva tensão na Argélia

11 fev 2011 - 17h30
(atualizado às 18h02)
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A tensão aumentou na Argélia após a convocação de uma manifestação por mudanças no regime para este sábado na capital do país, onde já estão posicionados milhares de policiais e centenas de veículos das forças de segurança.

Depois de uma semana na qual os protestos cresceram no país, com tentativas desesperadas de imolação e greves em vários setores, a entidade Coordenadora Nacional para a Democracia e a Mudança manteve a convocação da manifestação em Argel apesar da proibição oficial do Governo da cidade.

A mais de 24 horas do início do ato, Argel despertou nesta sexta-feira tomada por milhares de policiais, com dezenas de furgões e veículos antidistúrbios estacionados em todos os lugares estratégicos do centro da capital e nos principais pontos do percurso previsto da manifestação.

Caminhões lança-água, tanques e policias portando metralhadoras se posicionaram em volta dos edifícios oficiais e sedes governamentais do centro de Argel.

Cerca de 30 mil agentes foram mobilizados, muitos deles transferidos de outras regiões do país em ônibus civis, para controlar a situação na capital da Argélia.

Alguns meios de comunicação argelinos asseguram que as forças policiais foram proibidas de utilizar munição real durante o protesto, embora tenham recebido instruções precisas para evitar qualquer conflito.

Também foram reforçados os efetivos da Gendarmaria Nacional, encarregados de controlar as principais vias de acesso à capital, onde, segundo a imprensa local, já estão impedindo o acesso a determinadas pessoas e veículos.

Apesar de em 22 de janeiro ter sido organizada outra manifestação em Argel, cujo desenvolvimento foi impedido pela Polícia, o protesto deste sábado, ao qual se somaram várias organizações da sociedade civil, gerou muito mais expectativa no país.

Sua proibição foi motivo de uma forte polêmica inclusive entre representantes dos partidos que integram o Governo argelino, e muitos esperam que a mobilização se transforme na primeira grande manifestação por reformas democráticas no país em quase dez anos.

A última foi em 14 de junho de 2001, quando centenas de milhares de cidadãos tomaram as ruas da capital em protesto contra a repressão na região da Cabília, a maior manifestação já registrada no país.

A passeata, que deu margem a graves confrontos com a Polícia e teve saldo de dois mortos e centenas de feridos, desembocou na proibição de manifestações na capital, embora, segundo a oposição, essa medida tenha sido adotada sem nenhuma base legal, contra os direitos previstos pela Constituição.

Ao contrário do ato do dia 22 de janeiro, as manifestações deste sábado acontecem também depois da revolta iniciada no Egito e da queda do presidente, Hosni Mubarak, que os argelinos acompanharam nesta sexta-feira pelas televisões via satélite.

Desde que a revolta tunisiana conseguiu tirar do poder o presidente Zine el Abidine Ben Ali, já são mais de 25 os argelinos que tentaram queimar o próprio corpo em todo o país em protesto desesperado por sua precária situação econômica e social.

Em nenhum outro país do mundo árabe se registraram tantos casos deste tipo como na Argélia, cuja lista de suicidas já chegou a pelo menos quatro, incluindo duas mulheres e um adolescente.

Nesta semana, centenas de desempregados da região da Cabília e de Anaba, no extremo oriental do país, cortaram estradas e enfrentaram as forças policiais em reivindicação por postos de trabalho.

Além disso, os funcionários do setor sanitário, integrado por cerca de 100 mil pessoas em todo o país, mantêm desde quarta-feira uma greve indefinida com adesão de 90% dos trabalhadores, segundo o sindicato.

EFE   
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