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Mundo

Mais de 30 mil pessoas deixam a Líbia após revolta

24 fev 2011 - 14h47
(atualizado às 15h40)
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Ao menos 30 mil pessoas, em sua maioria trabalhadores tunisianos e egípcios, fugiram da violência na Líbia, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM) nesta quinta-feira.

O fluxo de saída está aumentando, mas consiste principalmente em estrangeiros. Até agora incluiu apenas cerca de 325 líbios, de acordo com a entidade.

Um avião fretado com 114 brasileiros, funcionários da Odebrecht e da Petrobras e seus familiares, aterrissou nesta quinta na ilha de Malta vindo de Trípoli, e mais dois voos com cidadãos do país estão programados para decolar da Líbia, de acordo com a Odebrecht.

Brasileiros que estão na cidade de Benghazi serão resgatados por um navio que partiu da Grécia, e um pequeno grupo já está inclusive de volta ao Brasil após ter saído da Líbia de avião com ajuda de Portugal.

A Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (Acnur) afirmou que não sabe de nenhum barco carregando migrantes ou pessoas em busca de asilo que tenha partido da Líbia rumo à Europa. A Acnur exortou todos os países a manterem abertas suas fronteiras para a população que foge da violência.

"Ao menos 30 mil saíram pelas duas fronteiras terrestres com a Tunísia e o Egito", disse a porta-voz da OIM Jemini Pandya à Reuters. Cerca de 15 mil deles foram para a Tunísia, na maioria cidadãos tunisianos, afirmou ela. Cerca de mil egípcios, 830 chineses e 300 líbios também estão entre eles.

"A equipe da OIM diz que os que chegam à fronteira (tunisiana) estão principalmente vindo de Trípoli. Eles incluem funcionários de embaixadas e embaixadores de diversos países que decidiram abandonar a capital", disse a OIM, que tem sede em Genebra, em um comunicado.

A agência da ONU para refugiados deve começar uma operação no fim de semana para levar a Djerba, na Tunísia, tendas e outros suprimentos para abrigos de emergência, disse o porta-voz Andrej Mahecic.

Cerca de 15 mil egípcios saíram da Líbia com destino à sua terra natal, junto com cerca de duas dezenas de líbios, de acordo com a OIM. Estima-se que 1 milhão de egípcios vivam na Líbia.

A OIM expressou preocupação com fato de que não há evidência de muitos migrantes da África Subsaariana ou do sul da Ásia saindo da Líbia para a Tunísia ou para o Egito.

"Provavelmente isso é porque eles não têm os recursos para pagar pelo transporte", disse Laurence Hart, chefe da missão da OIM para a Líbia. "Muitos países sem os recursos adequados para retirar seus cidadãos estão pedindo ajuda da OIM agora."

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

Chineses passam pela área de controle do aeroporto de Iraklio, na ilha grega de Creta, após saírem da Líbia
Chineses passam pela área de controle do aeroporto de Iraklio, na ilha grega de Creta, após saírem da Líbia
Foto: AP
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