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Mundo

Líderes mundiais elogiam renúncia do presidente egípcio

11 fev 2011 - 16h53
(atualizado às 17h22)
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Líderes mundiais celebraram nesta sexta-feira a renúncia de Hosni Mubarak como presidente do Egito, dizendo partilhar da alegria do povo egípcio e torcer para que a transição para a democracia seja pacífica. "Hoje é um dia de grande alegria", disse a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, em entrevista coletiva. "Somos todos testemunhas de uma mudança histórica. Compartilho da alegria do povo nas ruas do Egito."

Menina é carregada nos ombros pelo pai em meio à comemorações da renúncia de Hosni Mubarak
Menina é carregada nos ombros pelo pai em meio à comemorações da renúncia de Hosni Mubarak
Foto: Reuters

Estados Unidos

O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, disse que se trata de um momento "crucial" na história do Egito e do Oriente Médio. Porém, a reação mais esperada é a de Barack Obama, que deve fazer um pronunciamento ainda na sexta-feira. A Casa Branca disse que ele assistiu pela TV às cenas do Cairo, após ser informado de que Mubarak decidiu deixar o cargo que ocupou nos últimos 30 anos.

União Europeia

A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, disse que "ao renunciar, (Mubarak) ouviu as vozes do povo egípcio e abriu caminho para reformas mais rápidas e profundas". "É importante agora que o diálogo seja acelerado, levando a um governo de base ampla, que respeite às aspirações do povo egípcio e lhe garanta estabilidade."

Suíça

A Suíça decidiu bloquear imediatamente os possíveis fundos que o presidente egípcio e sua família tenham em bancos do país. O executivo publicou uma ordem pedindo aos bancos suíços que busquem e congelem os fundos do clã Mubarak, pouco depois da sua renúncia.

Israel

Em Israel, uma fonte de alto escalão do governo disse esperar que a renúncia de Mubarak não leve a mudanças nas relações do Estado judeu com o Egito, que foi o primeiro país árabe a fazer a paz com Israel. O tratado de paz de 1979 é um dos fundamentos da diplomacia do Oriente Médio, embora seja impopular junto a muitos egípcios. Nos últimos dias, autoridades israelenses vinham manifestando a preocupação de que os sucessores de Mubarak se distanciem das políticas dele. "É cedo demais para antever como (a renúncia) irá afetar as coisas", disse a fonte. "Esperamos que a mudança para a democracia no Egito aconteça sem violência, e que o acordo de paz permaneça."

Alemanha

Merkel também pediu ao Egito que respeite o tratado com Israel, e disse que os novos ocupantes do poder devem dar um rumo "irreversível e pacífico" aos acontecimentos.

França

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que "a França espera ardentemente que as novas autoridades egípcias tomem as medidas que conduzam à criação de instituições democráticas através de eleições livres e transparentes", segundo comunicado emitido pelo Palácio do Eliseu.

Hamas

Em Gaza, um enclave palestino que sofre um bloqueio comercial de Israel e do Egito, moradores soltaram rojões e dispararam tiros para o alto em sinal de celebração. Sami Abu Zuhri, porta-voz do grupo islâmico Hamas, que governa o território, pediu aos novos líderes egípcios que suspendam o bloqueio. "A renúncia do presidente egípcio, Hosni Mubarak, é o começo da vitória para a revolução egípcia", disse ele. "Tal vitória foi resultado dos sacrifícios e da obstinação do povo egípcio."

Liga Árabe

Amr Moussa, egípcio que é o secretário-geral da Liga Árabe, descreveu a revolta popular como uma "revolução branca" e prometeu contribuir com a busca por um consenso nacional.

Catar

O conselho de assessores do emir do Catar qualificou a renúncia de Mubarak como "um passo positivo e importante rumo às aspirações do povo egípcio de obter democracia, reformas e uma vida de dignidade".

Egípcios saem às ruas, derrubam Mubarak e fazem história

Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, principalmente pelo uso da hashtag #Jan25 no Twitter -, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.

A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. O presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milhares de pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak. A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo.

O dia seguinte, 2 de fevereiro, no entanto, foi novamente de caos. Manifestantes pró e contra Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro. Nos dias subsequentes os conflitos cessaram e, após um período de terror para os jornalistas, uma manifestação que reuniu milhares na praça Tahrir e impasses entre o governo e oposição, a Irmandade Muçulmana começou a dialogar com o governo.

Em meio aos protestos do dia 10 de fevereiro - o 17º seguido desde o início das manifestações -, Mubarak anunciou que faria um pronunciamento à nação. Centenas de milhares rumaram à Praça Tahrir, enquanto corriam boatos de que o presidente poderia anunciar a renúncia ao cargo. À noite e com atraso de mais de uma hora, a TV estatal egípcia transmitiu a frustração: Mubarak anunciava, sem clareza alguma, que 'passava alguns poderes' para seu vice, Omar Suleiman, mas que permanecia no cargo, para a ira de Tahrir.

Após o momento de incredulidade na quinta, os egípcios mantiveram a força dos protestos na sexta-feira. Insatisfeitos, milhares de manifestantes pernoitaram na Praça Tahrir, mantendo a pressão sobre o governo. No final da tarde, o vice-presidente Omar Suleiman, num pronunciamento de 30 segundos na TV estatal, anunciou que Hosni Mubarak renunciava ao poder, encerrava seu governo de quase 30 anos e abria espaço definitivamente para a transição no Egito.

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