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Mundo

Kadafi recupera Ras Lanuf e detém ofensiva rebelde no litoral

6 mar 2011 - 08h40
(atualizado às 09h41)
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As tropas de Muammar Kadafi retomaram o controle de Ras Lanuf, embora alguns milicianos ainda resistam, segundo informou o correspondente da emissora Al Jazeera. A força aérea leal a Kadafi lançou um contra-ataque neste domingo e após obrigar os rebeldes que avançavam sobre a cidade de Sirte a recuar, varreu a resistência miliciana e retomou o controle deste porto, tomado pelos rebeldes na sexta-feira.

A perda é muito importante para os revolucionários, pois Ras Lanuf conta com dois aeródromos e era uma possível base do avanço rebelde em direção ao oeste, frustrado neste domingo. O correspondente explicou que os milicianos continuavam disparando, mas ressaltou o caráter desorganizado de sua resistência dentro da cidade.

Simultaneamente, e mais a oeste, as brigadas de Kadafi lançaram outra ofensiva, desta vez terrestre, para tomar Misrata, em poder dos rebeldes desde o início da revolta e situada entre Trípoli e Sirte, segundo a Al Jazeera. Um morador da cidade relatou que os ataques eram mais violentos do que na tentativa anterior lançada pelo leste da cidade, e que estavam mais organizados, com apoio de blindados e perpetrados por dois pontos diferentes da cidade, o leste e o sul, causando muitas baixas.

A anunciada tomada de Sirte pelos revolucionários neste domingo foi impedida pelo desdobramento do poderio bélico de Kadafi, que repeliu milicianos com alta moral de combate e pouco treinamento, o que os deixa em desvantagem frente à superioridade aérea inimiga.

Em Zawiya, um morador que não quis revelar seu nome disse à Al Jazeera que os ataques haviam começado neste domingo pelo terceiro dia consecutivo, e que as forças de Kadafi contavam com carros de combate que disparavam nas casas da cidade. Por outro lado, segundo o morador citado pela Al Jazeera, os milicianos haviam conseguido prender sete agressores, dois deles de Mali e um terceiro do Chade.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

EFE   
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