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Mundo

Kadafi diz que Líbia está 'calma' e ignora Conselho de Segurança

27 fev 2011 - 14h29
(atualizado às 17h36)
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O líder líbio, Muammar Kadafi, afirmou neste domingo que a Líbia está "completamente calma", e que as decisões do Conselho de Segurança da ONU sobre o país "não tem valor", em entrevista por telefone ao canal sérvio Pink TV.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

"Não há incidentes neste momento e a Líbia está completamente calma. Não há nada fora do comum no país. Não ocorrem distúrbios", declarou o coronel Kadafi.

Na mesma entrevista, Kadafi afirmou que a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas impondo sanções à Líbia "não tem valor".

O Conselho de Segurança aprovou na noite de sábado um embargo de armas à Líbia, a proibição de viagens e o congelamento de bens de Kadhafi, além da abertura de uma investigação por crimes contra a humanidade devido à sangrenta repressão praticada pelo regime líbio.

Na mesma entrevista, Kadafi responsabilizou a rede Al-Qaeda pelos "bandos de terroristas" que fazem vítimas no território líbio.

"As pessoas morreram por causa de bandos terroristas que, sem dúvida, estão ligados à Al-Qaeda".

Kadafi declarou ainda que a revolta é obra de "um pequeno grupo" de opositores, que atualmente está "cercado", mas "solucionaremos isto". "O povo líbio está comigo".

Segundo fontes revolucionárias, várias cidades do oeste da Líbia estão "nas mãos do povo e preparam a marcha para libertar Trípoli".

O advogado Chaban Abu Sitta, membro do comitê revolucionário, declarou à AFP que já foram "libertadas" as cidades de Nalout, Al Rhibat, Kabaw, Jado, Rogban, Zentan, Yefren, Kekla, Gherien e Hawamed.

"Estamos sob a autoridade do governo interino de Bengazi. Com todas as cidades libertadas da montanha do Yebel Nafusa e as que se encontram do outro lado da montanha, nos preparamos para marchar sobre Trípoli e libertar a capital do jugo de Kadafi".

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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