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África

Jovem marroquina morre após atear fogo em seu próprio corpo

23 fev 2011 - 17h51
(atualizado às 18h48)
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Uma mulher de 26 anos morreu após atear corpo em seu próprio corpo no centro da cidade marroquina de Souk Sebt, no interior do país, informou nesta quarta-feira à agência EFE uma fonte da Associação Marroquina de Direitos Humanos.

Segundo a fonte, a mulher, mãe de duas crianças, ateou fogo em seu próprio corpo na tarde de segunda-feira depois que lhe foi negada uma moradia que tinha solicitado ao Governo.

Após o fato, ela foi transferida a um hospital da cidade de Casablanca, onde morreu na terça-feira.

Há duas semanas, um militar marroquino, de 26 anos, morreu após queimar-se em uma localidade próxima a Marrakech motivado por problemas financeiros.

Além disso, no início deste mês cerca de 40 professores que lutavam por melhores condições de trabalho jogaram gasolina em seus corpos diante do Ministério da Educação em Rabat, e, no momento em que dois deles começaram a pegar fogo, as forças da ordem impediram os outros, frustrando assim a tentativa do grupo de se queimar.

No mês de janeiro, dois marroquinos ficaram feridos após queimarem seus corpos, enquanto outro homem tentou fazer o mesmo no Saara Ocidental.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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