Jornal opositor a Kadafi publica 1ª edição na Líbia
Militantes contrários ao regime do líder líbio Muammar Kadafi lançaram um novo jornal de oposição ao governo. A primeira edição foi publicada na última quarta-feira. O cabeçalho mostra uma foto de Omar al-Mukhtar - herói líbio da resistência à dominação italiana, no início do século XX -, além de uma ilustração da antiga bandeira do país, pré-Kadafi.
"Revolução de 17 de fevereiro, Líbia. Nós nunca nos rendemos, nós prevalecemos ou morremos", dizia a capa, escrita em árabe, segundo a agência AP. Em uma foto, que mostrava muçulmanos rezando em Benghazi, o jornal dizia "Saia, você vai sair voluntária ou involuntariamente, você é o tirano que roubou e destruiu o país. Você derramou muito sangue, e você nada mais foi do que a treva extrema. Agora é hora de você desaparecer, uma era de um regime injusto que nos alimentou. Saia!".
Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.
Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.
Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.
Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.