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Irmandade Mulçumana diz que reunião foi "só primeiro passo"

6 fev 2011 - 13h31
(atualizado às 15h24)
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A Irmandade Mulçumana afirmou neste domingo que os acordos anunciados no final de uma reunião com o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, e outros representantes políticos "não são suficientes" e que este encontro foi "só um primeiro passo". "A reunião de hoje é apenas um primeiro passo para examinar o regime (de Hosni Mubarak) e ver se realmente tem boas intenções", afirmou em entrevista coletiva o dirigente da organização islâmica Saad Katatni.

Vice-presidente Omar Suleiman (centro, de costas) participa de reunião com lideranças partidárias e a Irmandade Muçulmana
Vice-presidente Omar Suleiman (centro, de costas) participa de reunião com lideranças partidárias e a Irmandade Muçulmana
Foto: AP

As reformas propostas pelo regime do presidente egípcio Hosni Mubarak para sair da crise política são "insufientes", considerou a Irmandade Muçulmana, primeira força de oposição no Egito

"Precisamos que o presidente Mubarak emita decretos presidenciais que mudem os artigos 76 e 77, que dissolva o Parlamento, libere os presos políticos que o governo conhece muito bem, e ponha fim ao estado de emergência", afirmou Abdel Monem Abul Fotuh, membro Irmandade Muçulmana. Ele se referia a um artigo da Constituição que afeta as eleições presidenciais, o qual indica que o partido governante de Mubarak está na posição para eleger o próximo dirigente, e outro permite ao presidente participar de eleições de forma ilimitada.

O projeto de criar um comitê formado pelo poder e oponentes para preparar reformas constitucioais não basta, declarou Mohamed Mursi, líder do grupo, em entrevista à imprensa no Cairo. "As demandas são ainda as mesmas. O governo não respondeu a maioria deles, apenas a algumas e de forma superficial", afirmou Essam al-Aryane, um outro dirigente da Irmandade.

Participantes do diálogo entre o governo egípcio e vários grupos da oposição decidiram neste domingo formar um comitê encarregado de realizar reformas constitucionais, antes da primeira semana de março, havia anunciado o porta-voz do governo, Magdi Radi.

As conversações, com representantes da oposição e personalidades independentes, haviam sido convocadas pelo vice-presidente egípcio Omar Suleiman.

Houve consenso "sobre a formação de um comitê que contará com o poder judiciário e um certo número de personalidades políticas, para estudar e propor as emendas constitucionais e legislativas que se fizerem necessárias", anunciou Radi.

Com informações das agências internacionais.

Protestos convulsionam o Egito

Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, principalmente pelo uso da hashtag #Jan25 no Twitter -, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.

A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. O presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milharesde pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak. A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo.

O dia seguinte, 2 de fevereiro, no entanto, foi novamente de caos. Manifestantes pró e contra Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro. No dia 3, o governo disse ter iniciado um diálogo. A oposição negou. O premiê Ahmed Shafiq foi à TV e disse que a violência contribui para a "destruição do Egito". Sem maiores confrontos, o terror passou para o lado de alguns jornalistas, que foram agredidos, roubados e obrigados a sair do país. No dia 4, enquanto milhares participaram do "Dia da Saída", a UE pediu transição imediata e ElBaradei não descartou a candidatura à presidência.



Fonte: Terra
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