PUBLICIDADE

Mundo

Irmandade Muçulmana destaca começo de nova etapa no Egito

11 fev 2011 - 20h48
(atualizado às 21h34)
Compartilhar

O movimento Irmandade Muçulmana destacou nesta sexta-feira "o triunfo pacífico do povo" e afirmou que a renúncia do presidente Hosni Mubarak é o começo de "uma nova etapa" na história do Egito.

"A queda do injusto regime de Mubarak representa o passo principal e o começo de um longo caminho", disse à Agência Efe o porta-voz da organização islâmica, Mohammed Mursi, pedindo às Forças Armadas que cumpram "com as legítimas aspirações do povo".

Mursi louvou o povo egípcio "por sua resistência" e "os mártires pelo sangue que derramaram pela liberdade da pátria". Para o dirigente da Irmandade Muçulmana, a vitória do povo foi conquistada de "maneira pacífica e civilizada, sem agredir a propriedade pública e privada nem as instituições do Estado".

Quanto à entrega do poder às Forças Armadas, Mursi insistiu que a instituição militar tem que cumprir com as exigências do povo. "As Forças Armadas são capazes de proteger o poder e a vontade popular e passar ao povo o poder legítimo", ressaltou o porta-voz.

Entre as principais demandas populares, Mursi citou "um novo Parlamento, uma nova Constituição e que se emende grande parte da atual". A Carta Magna deve "minimizar os poderes do presidente" e expressar "a vontade popular", acrescentou.

Mursi reiterou sua esperança de que se realizem "eleições livres e honestas" para estabelecer "um novo regime com um Governo que satisfaça os interesses do povo e do país". "Os egípcios devem compreender que estamos no curso de um novo caminho", ressaltou.

Em comunicado oficial, a Irmandade Muçulmana expressou a crença de que "o poder será transmitido de maneira pacífica aos políticos para manter o caráter civil e democrático do Estado e estabelecer instituições legislativas mediante eleições livres e limpas".

Além disso, a Irmandade antecipou que agora começa uma etapa complicada que deve ser construída "sobre bases corretas nas quais as liberdades e os direitos humanos sejam respeitados". "A etapa mais fácil terminou, apesar de ter sido dura e amarga, mas agora a fase seguinte será mais difícil", previu a nota.

Após 18 dias de protestos, Mubarak cai
Começou no dia 25 de janeiro - uma data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, com o uso da hashtag #Jan25 no Twitter. Naquela terça-feira, os egípcios começaram uma jornada que durou 18 dias e derrubou o presidente Hosni Mubarak. Naquele momento, o líder que estava no poder há 30 anos ainda tinha poderes. No dia 28, ele cortou o acesso à internet e declarou toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não iria renunciar. Em pronunciamento, disse apenas que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população.

No dia 29, uma nova administração foi anunciada. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. A repressão continuou, e Mubarak colocou a polícia antimotins nas ruas novamente. Nada adiantava. A população aderia em número cada vez maior às manifestações, e a oposição começava a se movimentar. A nova cartada do líder de 82 anos foi anunciar que não participaria das próximas eleições. Mais uma vez sem sucesso. No dia 2 de fevereiro, manifestantes pró e contra Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro. Depois, houve perseguição a jornalistas.

Os dias subsequentes foram de diálogo e protestos pacíficos. No 17º dia de protestos, centenas de milhares receberam no centro do Cairo a notícia de que o líder poderia, finalmente, renunciar. O esperado pronunciamento se transformou em um balde de água fria quando Mubarak disse que não renunciaria, apesar de passar alguns poderes ao vice, Omar Suleiman. A fúria tomou conta da praça Tahrir, e ninguém levantou acampamento. Por fim, no final da tarde da sexta-feira, dia 11 de fevereiro, Suleiman, em um rápido pronunciamento na TV estatal, informou que Mubarak renunciava, abrindo um novo capítulo na história do Egito.

EFE   
Compartilhar
Publicidade