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Mundo

Irã diz que protestos no Egito são sinal de renascença islâmica

3 fev 2011 - 17h10
(atualizado às 17h33)
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O Irã disse nesta quinta-feira que os protestos antigoverno no Egito são sinal de uma "renascença islâmica" no Oriente Médio. O Ministério do Exterior iraniano expressou apoio ao levante e disse que os protestos levarão ao surgimento de "um Oriente Médio verdadeiramente independente e islâmico", segundo a televisão estatal.

Confronto no Egito tem paus, pedras, cavalos e até camelos:

"O Irã apoia as reivindicações justas do povo egípcio e enfatiza que elas devem ser atendidas", diz um comunicado do Ministério. "O texto pede que povos e governos do mundo condenem fortemente o que afirmou ser "ingerências de Israel e dos EUA que visam desviar o movimento de busca de justiça dos egípcios, criando uma contrarrevolta e usando arruaceiros", diz o comunicado, segundo a agência de notícias oficial Irna.

O Irã afirma que os protestos ecoam a revolução islâmica iraniana de 1979, que derrubou o xá, apoiado pelos Estados Unidos. Israel, arqui-inimigo do Irã, expressou receios esta semana de que os protestos no Egito possam conduzir ao poder um regime radical islâmico, comprometendo o tratado de paz do Egito com o país.

O Irã é o único país da região que não tem laços diplomáticos com o Egito, e analistas dizem que Teerã espera que a queda do governo egípcio possa fortalecer sua influência. "O Irã também avisa que qualquer oposição ao movimento do povo egípcio suscitará a ira e o ódio de todos os muçulmanos pelo mundo afora", disse o comunicado.

Protestos convulsionam o Egito

Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, principalmente pelo uso da hashtag #Jan25 no Twitter -, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.

A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. O presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já os Irmãos Muçulmanos disseram que não iriam dialogar com o novo governo. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milharesde pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak.

A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo. O dia seguinte, 2 de fevereiro, no entanto, foi novamente de caos na capital. Manifestantes pró e contra o governo Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro. O número de mortos é incerto, entre seis e dez, e mais de 800 pessoas ficaram feridas. No dia seguinte, o governo disse ter iniciado um diálogo com os partidos. Mas a oposição nega. Na praça Tahrir e arredores, segue a tensão.



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