Forças de Kadafi se aproximam das portas de Benghazi, diz TV
As forças do dirigente líbio Muammar Kadafi chegaram às portas de Benghazi, a segunda maior cidade do país e reduto da oposição, informou a TV estatal líbia. "A cidade de Zuwaytinah está sob controle (das forças leais a Kadhafi) e as forças armadas estão se aproximando de Benghazi", afirmou a TV. Zuwaytinah fica a 150 km ao sul de Benghazi.
Aviões de guerra das forças leais ao líder voltaram a bombardear nesta quinta-feira o aeroporto de Benina, a cerca de 10 km de Benghazi, reduto dos rebeldes líbios, afirmou o coronel insurgente Adel Borassi à rede de televisão Al Jazeera.
Membro do comitê de defesa da "capital" rebelde na zona oriental do país, o coronel disse que os bombardeios foram realizados a uma grande altura e que não foram registradas mortes nem danos materiais. O aeroporto de Benina faz parte da aviação militar líbia, cujos oficiais e soldados se uniram aos rebeldes poucos dias após o início do levante em 16 de fevereiro.
Deste aeroporto, provavelmente decolaram os aviões rebeldes que, como disseram fontes do comando insurgente, bombardearam e afundaram na terça-feira passada dois navios de guerra das forças do regime de Trípoli próximo ao litoral de Ajdabiya, 160 km a sul de Benghazi. Um dos porta-vozes da rebelião, Adel Bensaud, afirmou que, na quarta-feira, esses mesmos aviões bombardearam comboios de veículos militares pró-Kadafi perto da cidade de Sebha, ao sul de Trípoli.
Três aviões do regime já haviam bombardeado o aeroporto de Benina e tentaram atacar as ferrovias próximas, mas não tiveram sucesso. Fathi Terbel, membro do Conselho Nacional Transitório (CNT) líbio, declarou que os pilotos de Kadafi são "muito experientes" e o fato de não atingirem seus objetivos em algumas ocasiões demonstra que "se veem obrigados a executar as ordens, mas erram voluntariamente para não causar danos à população".
Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país há quase um mês para pedir a renúncia do líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Entretanto, se tunisianos e egípcios fizeram história através de embates com as forças oficiais e, principalmente, protestos pacíficos por democracia, a situação da Líbia já toma contornos bem distintos.
Diferentemente da queda de Hosni Mubarak, cujo símbolo foi a aglomeração sistemática de centenas de milhares de manifestantes no centro do Cairo, a contestação de Kadafi tem levado a Líbia a uma situação próxima de uma guerra civil. Após a realização de protestos em grandes cidade, como Trípoli e Benghazi, o litoral mediterrânico da Líbia virou cenário de uma batalha diária entre as forças do coronel e a resistência rebelde pelo controle das cidades, como Sirte- cidade natal de Kadafi - e a petrolífera Ras Lanuf.
Não há números oficiais, mas estima-se que mais de mil pessoas já tenham morrido desde meados de fevereiro. A onda de violência, por sua vez, gerou um êxodo de mais de pelo menos 100 mil pessoas, muitas das quais fogem pelas fronteiras egípcia e tunisiana. Esses números, aliados à brutalidade dos confrontos - como, por exemplo, o bombardeio a cidades rebeldes - vêm mobilizando lideranças da comunidade internacional, que cogitam a instauração de uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas ainda não acenam para uma intervenção no país.
Com informações das agências AFP e EFE.