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Mundo

Forças de Kadafi anunciam cessar-fogo para meia-noite de sábado

17 mar 2011 - 09h19
(atualizado às 10h30)
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O comitê geral de defesa líbio, equivalente ao Ministério da Defesa do regime, anunciou nesta quinta-feira que decidiu cessar suas operações militares contra os rebeldes a partir da meia-noite do próximo sábado (pelo horário local), informou a agência oficial de notícias líbia Jana. A agência indicou que o comitê tomou essa decisão para dar a oportunidade a esses "grupos terroristas armados" de "entregar as armas e receberem a anistia geral" prometida pelo líder Muammar Kadafi há poucos dias.

A Jana divulgou a informação em caráter urgente, algo raro na agência líbia, mas não forneceu mais detalhes sobre os motivos que levaram o Comitê a adotar essa medida. A decisão do regime de Kadafi de cessar as operações militares contra os rebeldes - que aumentaram nos últimos dias - poderia estar relacionada aos pedidos da ONU pelo fim da violência na Líbia.

O enviado especial das Nações Unidas à Líbia, o ex-chanceler jordaniano Abdelilah al-Khatib, viajou para Trípoli há poucos dias para pedir às duas partes que adotassem um cessar-fogo imediato. Na quarta-feira, em visita à Guatemala, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também solicitou ao regime líbio "pôr fim à morte" de civis, enquanto aguardava a decisão do Conselho de Segurança sobre a possível imposição de uma zona de exclusão aérea sobre o país.

"Ontem falei daqui com o ministro das Relações Exteriores líbio e lhe pedi o fim das hostilidades", disse Ban aos jornalistas. O secretário-geral indicou que, junto à futura decisão do Conselho de Segurança da ONU - que continua reunido em Nova York nesta quinta-feira para adotar uma resolução sobre a Líbia -, continuará "lutando" para que o regime de Kadafi detenha os ataques contra a população civil.

"Matar habitantes líbios desarmados, que pedem uma autêntica liberdade, é totalmente inaceitável, é um crime contra a humanidade, e aqueles que o cometem devem responder na justiça", advertiu Ban.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país há quase um mês para pedir a renúncia do líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Entretanto, se tunisianos e egípcios fizeram história através de embates com as forças oficiais e, principalmente, protestos pacíficos por democracia, a situação da Líbia já toma contornos bem distintos.

Diferentemente da queda de Hosni Mubarak, cujo símbolo foi a aglomeração sistemática de centenas de milhares de manifestantes no centro do Cairo, a contestação de Kadafi tem levado a Líbia a uma situação próxima de uma guerra civil. Após a realização de protestos em grandes cidade, como Trípoli e Benghazi, o litoral mediterrânico da Líbia virou cenário de uma batalha diária entre as forças do coronel e a resistência rebelde pelo controle das cidades, como Sirte- cidade natal de Kadafi - e a petrolífera Ras Lanuf.

Não há números oficiais, mas estima-se que mais de mil pessoas já tenham morrido desde meados de fevereiro. A onda de violência, por sua vez, gerou um êxodo de mais de pelo menos 100 mil pessoas, muitas das quais fogem pelas fronteiras egípcia e tunisiana. Esses números, aliados à brutalidade dos confrontos - como, por exemplo, o bombardeio a cidades rebeldes - vêm mobilizando lideranças da comunidade internacional, que cogitam a instauração de uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas ainda não acenam para uma intervenção no país.

EFE   
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