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Distúrbios no Mundo Árabe

Filho de Kadafi diz que família não tem dinheiro no exterior

27 fev 2011 - 11h31
(atualizado às 12h31)
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Seif al Islam, um dos filhos do coronel líbio Muamar Kadafi, disse neste domingo em entrevista ao programa de televisão "This Week" da emissora americana ABC que sua família é "muito modesta" e não tem dinheiro no exterior, em um momento em que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) impôs congelamento dos bens financeiros da família Kadafi.

Kadafi fuma um cigarro americano durante cúpula da Liga Árabe de 2004, na Tunísia
Kadafi fuma um cigarro americano durante cúpula da Liga Árabe de 2004, na Tunísia
Foto: AFP

"Não temos dinheiro no exterior. Somos uma família muito modesta e todo mundo sabe disso", declarou ele à rede americana.

Na verdade, diversas informações dão conta de importantes investimentos da família Kadhafi no exterior. "Achamos engraçado que estejam dizendo que temos dinheiro na Europa ou na Suíça. É brincadeira", completou aquele que foi considerado por longo tempo o sucessor do coronel Kadafi.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou no sábado, por unanimidade, uma resolução que prevê severas sanções ao líder líbio, à sua família e aos integrantes do regime.

Os Estados Unidos decidiram congelar os bens financeiros do coronel, de quatro de seus filhos e de um membro do regime. Também decidiram impôr à Líbia embargo à venda de armas e uma proibição a 16 pessoas, entre elas o próprio Kadafi e seus filhos, de viajar ao território dos Estados-membros.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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