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Mundo

Filho de Kadafi convida imprensa estrangeira a entrar na Líbia

24 fev 2011 - 07h55
(atualizado às 09h11)
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Seif al Islam Kadafi, filho do líder líbio, negou nesta quinta-feira a existência de bombardeios contra manifestantes que saíram às ruas e assassinatos de "centenas e até milhares de pessoas", e convidou a imprensa internacional a entrar na Líbia.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

"Jornalistas estrangeiros, líbios e diplomatas, antecipem-se, entrem, cruzem e passem, onde estão os bombardeios, onde está o assassinato de centenas e milhares?", questionou o filho de Muammar Kadafi em declarações reproduzidas pela cadeia emirati de televisão Al Arabiya.

Em declarações, Seif al Islam Kadafi garantiu que a população líbia está levando "vida normal", uma situação que se repete nos aeroportos e portos. Além disso, insistiu para que os jornalistas estrangeiros e todos os líbios e diplomatas venham ao país.

Na fronteira com a Tunísia, dezenas de jornalistas estrangeiros esperam para entrar no país vizinho para contar o que está acontecendo. Milhares de tunisianos fogem por essa fronteira a partir da Líbia, onde não é permitida até agora a entrada.

As declarações do filho de Kadafi contradizem os impedimentos que estão pondo há mais de uma semana os consulados e embaixadas líbias para permitir o acesso da imprensa estrangeira ao país. Seif al Islam apareceu nas imagens, das quais a Al Arabiya não citou a procedência, com casaco cinza e aspecto normal.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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