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Distúrbios no Mundo Árabe

Exército sírio pressiona em Quseir; oposição reforça fileiras

31 mai 2013 - 20h19
(atualizado às 21h06)
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As tropas de Bashar al-Assad e seus aliados do Hezbollah xiita libanês apertavam o cerco a Quseir, no oeste da Síria, nesta sexta-feira, enquanto a oposição garantia que vários milicianos conseguiram chegar a essa estratégica cidade rebelde para reforçar a resistência. De acordo com a televisão estatal síria, tropas de Assad e do Hezbollah conquistaram o distrito de Aryun (norte de Quseir) na quinta-feira, deixando poucas possibilidades de fuga para os rebeldes presentes na cidade.

Cerca de mil combatentes, muitos deles ligados aos Irmãos Muçulmanos, juntaram-se aos rebeldes que lutam pelo controle da cidade de Quseir, disse a oposição síria nesta sexta-feira. "Mais de mil combatentes de toda a Síria" chegaram ao bastião rebelde perto da fronteira libanesa, informou à imprensa o líder interino da Coalizão Nacional Síria, George Sabra, que se encontra em Istambul.

Liwa al-Tawhid, um grupo armado apoiado por Catar e próximo dos Irmãos Muçulmanos, anunciou em sua página no Facebook que seus combatentes chegaram à cidade sitiada. "Centenas" de rebeldes romperam as linhas do Exército perto do povoado de Shamsin, no nordeste de Quseir, após perder 11 combatentes, segundo Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede no Reino Unido.

Dias antes, Sabra havia feito um apelo aos combatentes rebeldes para que fossem a Quseir, assim como às organizações de ajuda, entre elas a Cruz Vermelha, para criar um corredor humanitário para os civis.

Nesta sexta, o Conselho de Segurança da ONU acrescentou o grupo rebelde sírio Frente Al Nusra a sua lista global de sanções, devido aos seus vínculos com a rede Al-Qaeda. Com isso, a Frente Al Nusra, um temido grupo que luta contra o regime de Assad, torna-se alvo do congelamento internacional de ativos, segundo anúncio do Comitê de Sanções à Rede Al-Qaeda, subordinado ao Conselho de Segurança. França e Grã-Bretanha patrocinaram a inclusão do grupo na lista de sanções, depois de bloquear um pedido do governo sírio. 

No mês passado, o líder da Al Nusra, Abu Mohamed al-Jawlani, prometeu lealdade ao chefe da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, confirmando suspeitas de vínculos entre o grupo rebelde e a organização fundada por Osama bin Laden. Em 2012, o governo dos EUA já havia catalogado a Al Nusra como organização terrorista e, este mês, incluiu a Al-Jawlani em sua lista negra de terroristas.

Nesta sexta, a Rússia poderá entregar à Síria dez aviões de combate MIG-29 ultramodernos, como anunciou o diretor-geral da empresa construtora dessas aeronaves, citado por agências russas de notícias. "Os detalhes do contrato estão sendo definidos", teria afirmado Korotkov, segundo a Interfax. Até o momento, o governo russo justificava a entrega de armas à Síria em virtude de contratos já assinados. 

Também nesta sexta-feira, citando fontes do complexo industrial militar russo, os jornais Vedomosti e Kommersant revelaram que Moscou ainda não entregou o sofisticado sistema de mísseis de defesa antiaérea terra-ar S-300 à Síria, ao contrário do que Assad deu a entender - e pode nem fazer isso este ano. Em entrevista ao canal de televisão do Hezbollah, Al Manar, divulgada ontem, Assad afirmou, referindo-se à entrega desses sistemas de defesa prometidos por Moscou, que "todos os acordos com a Rússia serão cumpridos, e uma parte já foi cumprida recentemente".

Na última terça, o governo russo defendeu a entrega dos S-300 a Damasco, sofisticados sistemas de defesa antiaérea equipados com mísseis terra-ar capazes de interceptar aviões inimigos ou mísseis. Para a Rússia, esses equipamentos seriam um fator de "estabilização", que dificultaria qualquer possível intervenção armada estrangeira na Síria.

Hoje, o secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu que a entrega de mísseis antiaéreos russos para a Síria não contribui para os esforços de paz nesse país. As declarações foram dadas antes da conferência internacional sobre a Síria, em Genebra, da qual Kerry participará. "As transferências de (mísseis russos) S-300 para a região, no momento em que tentamos criar a paz, não ajudam", declarou Kerry, em entrevista coletiva em Washington, com seu homólogo alemão, Guido Westerwelle.

O ministro alemão também alertou Moscou: "Dissemos aos nossos colegas russos que não ponham em risco a conferência de Genebra. A entrega de armas ao regime (sírio) de (Bashar al) Assad é um grande erro".

Kerry, que lançou com seu colega russo, Sergei Lavrov, a conferência internacional de paz sobre a Síria intitulada "Genebra 2", disse acreditar na "seriedade" de Moscou para encontrar uma saída política para a guerra civil síria. "Genebra 2" está prevista para acontecer ainda em junho. O conflito sírio, que se arrasta por 26 meses, já deixou mais de 94 mil mortos, segundo ativistas sírios.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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