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Mundo

EUA: líderes do Congresso sugerem suspender ajuda ao Egito

2 fev 2011 - 16h34
(atualizado às 17h35)
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Vários líderes do Congresso dos Estados Unidos sugeriram nesta quarta-feira suspender a ajuda ao Egito para pressionar o país a uma transição democrática, apesar do compromisso assumido pelo presidente egípcio, Hosni Mubarak, de deixar o poder em setembro. Embora tenham elogiado a decisão de Mubarak de não se candidatar à reeleição, os legisladores mantêm as pressões para que ele permita eleições "livres e justas" no Egito, e sugeriram que os EUA suspendam a ajuda ao país se for necessário.

Egito: Exército pede que manifestantes deixem as ruas:

Até o momento, ninguém fala abertamente em cortar a ajuda ao Egito, mas nos corredores do Congresso surgem expressões de preocupação pela evolução do conflito no país árabe e pela possibilidade de a Irmandade Muçulmana - considerada ilegal por Mubarak - subir ao poder. O senador democrata Patrick Leahy, presidente da subcomissão no Senado encarregada da ajuda externa dos EUA, ressaltou que a população está saturada do regime de Mubarak e que a economia do país está "estagnada".

"Os EUA têm muito em jogo no futuro do Egito e nas relações com os povos e Governos em todo o mundo muçulmano. Devemos fazer o que pudermos para apoiar uma transição para a democracia suspendendo, inclusive, a ajuda ao Governo, se for necessário", disse Leahy. Os EUA fornecem ao Egito mais de US$ 1,5 bilhão ao ano, principalmente em ajuda econômica e militar. Já na semana passada o governo de Washington sugeriu que revisaria a ajuda externa ao país dependendo da resposta de Mubarak à revolta popular que teve início em 25 de janeiro.

Leahy questionou se Mubarak poderia atuar na transição democrática no Egito porque, segundo ele, "o atual governo não tem credibilidade para supervisionar esse processo". Por sua vez, o presidente do Comitê de Segurança Nacional da Câmara de Representantes, o republicano Peter King, disse que seria "injustificável" manter a ajuda ao Egito se a Irmandade Mulçumana ou outro grupo "radical islâmico" tomar o poder no país.

Nesse sentido, a legisladora republicana Ileana Ros-Lehtinen, que preside o Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara Baixa, pediu à oposição no Egito que rejeite "categoricamente" elementos extremistas que tentem se aproveitar da crise para subir ao poder. Por enquanto, os legisladores coincidem na necessidade de esperar para ver qual será a evolução do conflito.

A Câmara Baixa prevê submeter à votação na semana de 14 de fevereiro uma resolução para manter os fundos relativos ao ano fiscal em curso, que inclui uma solicitação de US$ 1,552 bilhão para o Egito. Esse valor, similar ao do ano fiscal 2010, se divide em US$ 1,3 bilhão em ajuda militar e outros US$ 250 milhões em assistência econômica.

Depois o Congresso começará a analisar a proposta orçamentária que o presidente Barack Obama enviará para o ano fiscal 2012, que começa em outubro. Nesta quarta-feira, a Casa Branca condenou a violência gerada nas ruas do Cairo entre grupos a favor e contra Mubarak, e disse que os EUA estão muito preocupados com os ataques contra jornalistas e manifestantes pacíficos, por isso que reiterou seu pedido de moderação.

O Egito é o país mais povoado do mundo árabe e o principal aliado dos EUA na região desde 1979, quando o então presidente Anwar Sadat assinou um acordo de paz com Israel.

Protestos convulsionam o Egito

Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet -, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.

A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. Passaram a fazer parte dela o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro da Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que reinaugurou o cargo de vice-presidente, posto inexistente no país desde 1981. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já os Irmãos Muçulmanos disseram que não iriam dialogar com o novo governo. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milharesde pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak. A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo. Apesar de os protestos de ontem terem sido pacíficos, a ONU estima que cerca de 300 pessoas já tenham morrido no país desde o início dos protestos.



EFE   
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