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Distúrbios no Mundo Árabe

Estudantes iranianos queimam retratos do presidente egípcio

30 jan 2011 - 10h22
(atualizado às 10h41)
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Estudantes islâmicos se concentraram na noite deste sábado em frente ao escritório de interesses egípcio no Irã para expressar seu apoio às manifestações populares que vêm ocorrendo no Egito em protesto contra o regime político do presidente Hosni Mubarak.

Iranianos também protestam contra Mubarak, como os egípcios na praça Tahrir, no Cairo
Iranianos também protestam contra Mubarak, como os egípcios na praça Tahrir, no Cairo
Foto: AFP

Segundo a agência de notícias estatal Irna, vários grupos de estudantes gritavam "abaixo Estados Unidos", "abaixo o Reino Unido", "abaixo Mubarak" e criticavam a "interferência do Ocidente na vontade islâmica" do povo egípcio.

Os manifestantes queimaram retratos do líder e defenderam a tese do regime iraniano de que os protestos populares que atingem vários países árabes são inspirados no modelo político da República Islâmica. "Pedimos ao governo do Irã que feche o escritório de interesses do Egito no país e não permita que se abra novamente até que haja um governo islâmico do Egito que comece a governar", disse Ismail Tahmurezi, identificado como porta-voz dos estudantes.

Outro ativista, Ali Naderi, destacou que os países ocidentais tentam distorcer o sentido desses protestos e apresentá-lo de um modo favorável a eles. A manifestação aconteceu horas depois de o porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast, anunciar que "o Irã acompanha atentamente o que ocorre no Egito e espera que os responsáveis desse país ouçam a voz do povo muçulmano e respeitem seus desejos razoáveis".

Egípcios desafiam governo Mubarak

A onda de protestos dos egípcios contra o governo do presidente Hosni Mubarak, iniciados no dia 25 de janeiro, tomou nova dimensão na última sexta-feira. O governo havia tentado impedir a mobilização popular cortando o sinal da internet no país, mas a medida não surtiu efeito. No início do dia, dois mil egípcios participaram de uma oração com o líder oposicionista Mohamad ElBaradei, que acabou sendo temporariamente detido e impedido de se manifestar.

Os protestos tomaram corpo, com dezenas de milhares de manifestantes saindo às ruas das principais cidades do país - Cairo, Alexandria e Suez. Mubarak enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher, o qual acabou virtualmente ignorado pela população. Os confrontos com a polícia aumentaram, e a sede do governista Partido Nacional Democrático foi incendiada.

Já na madrugada de sábado (horário local), Mubarak fez um pronunciamento à nação no qual ele disse que não renunciaria, mas que um novo governo seria formado em busca de "reformas democráticas". Defendeu a repressão da polícia aos manifestantes e disse que existe uma linha muito tênue entre a liberdade e o caos. A declaração do líder egípcio foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981.

Mubarak, à revelia da pressão popular que persiste nas cidades egípcias, não renunciou. Segundo o último balanço feito pela agência AFP junto a fontes médicas, já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.



EFE   
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