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África

Emissário líbio na ONU volta a pedir zona de exclusão aérea

9 mar 2011 - 17h02
(atualizado às 17h33)
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Um dos emissários líbios diante da ONU, que rompeu com o regime de Muammar Kadafi no início da revolta que afeta esse país no norte da África, voltou a pedir nesta quarta-feira às grandes potências que imponham uma zona de exclusão aérea na Líbia.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

Ibrahim Dabbashi, embaixador adjunto da Líbia diante das Nações Unidas, um dos primeiros diplomatas líbios a retirar sua lealdade a Kadafi, assegurou que a ONU já tem uma resolução pronta.

"Tudo está pronto para uma resolução, mas alguns governos ainda precisam ser convencidos", explicou à imprensa.

"É muito importante impor uma zona de exclusão aérea o quanto antes", devido aos ataques aéreos realizados contra rebeldes na Líbia, afirmou Debbashi.

"Trabalhamos com os membros do Conselho de Segurança sobre este tema e estamos em um estágio avançado. Esperamos que (a resolução) seja imposta logo. Será importante impor uma zona de exclusão aérea, através do Conselho de Segurança ou fora do Conselho de Segurança", insistiu o diplomata.

Grã-Bretanha e França estão elaborando uma resolução que poderá ser apresentada ao Conselho de Segurança caso a crise líbia piore. No entanto, existe um grande debate sobre se uma intervenção externa na Líbia é justificada.

A China e, sobretudo, a Rússia, podem se opor a uma zona de exclusão aérea caso a questão seja debatida no seio da ONU. Os Estados Unidos afirmaram que a aplicação de um dispositivo como este requer uma operação militar maior.

A reunião que será promovida pelos ministros de Relações Exteriores da Liga Árabe no próximo sábado pode ser crucial para que a decisão seja levada ao Conselho de Segurança.

O Conselho impôs severas sanções contra o regime do coronel Kadafi em 26 de fevereiro, que incluem um embargo ao envio de armas. A Corte Penal Internacional (CPI) também anunciou em 3 de março a abertura de uma investigação sobre crimes contra a humanidade na Líbia.

Kadafi informou à ONU que já não reconhece Dabbashi e seu até agora embaixador Abderrahman Chalgham. No entanto, os representantes líbios permanecem na ONU, já que a organização internacional ainda não decidiu aceitar as credenciais do novo enviado do regime.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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