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África

Embaixador da Líbia na ONU chama repressão de "genocídio"

21 fev 2011 - 15h56
(atualizado às 16h48)
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O Embaixador líbio na Organização das Nações Unidas (ONU) chamou de "genocídio" as ações tomadas pelo governo de Muamar Kadafi para conter os protestos populares que se espalham pelo país. Em entrevista à rede árabe Al Jazeera, Ibrahim Dabbashi defendeu que "Kadafi deve ir embora, caso contrário o povo irá expulsá-lo. Ele sabe que esse é o seu destino".

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

O pronuciamento de Dabbashi chega exatamente no momento de maior violência no país. Os protestos ocorrem principalmente em Benghazi, no leste do país, mas já atingem Trípoli, que nesta segunda foi alvo de um bombardeio das forças armas contra manifestantes. Emissoras de televisão da região apontam para um saldo de até 200 mortos.

"É o fim do seu jogo", disse o embaixador sobre Kadafi, pedindo que a comunidade internacional entre em ação para "dar fim a este genocídio na Líbia".

Ontem mesmo, Saif al Islam Kadafi, um dos filhos do líder, pronunciou-se na rede estatal líbia para pedir desculpas pelos excessos do exército na repressão e acusar os manifestates de serem obra de um "complô" internaiconal para dividir o país em pequenos emirados islâmicos.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafi foi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

Fonte: Terra
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