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Mundo

Egito: milhares voltam a exigir renúncia de governo militar

25 nov 2011 - 07h45
(atualizado às 09h50)
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Milhares de egípcios se reuniram nesta sexta-feira na emblemática Praça Tahrir do Cairo para participar em uma manifestação para exigir, mais uma vez, que os militares abandonem o poder O Exército egípcio, no entanto, descartou mais uma vez a hipótese de entregar imediatamente o poder como exigem os milhares de manifestantes.

As ruas que levam ao ministério do Interior, perto da praça, onde aconteceram confrontos violentos nos últimos dias, permaneciam bloqueadas.

Os manifestantes, que ocupam a Praça Tahrir pelo oitavo dia consecutivo, pedem que o Exército deixe imediatamente o poder. Também exigem que os responsáveis pelas mortes 41 pessoas - 36 delas no Cairo - durante os confrontos dos últimos dias sejam julgados.

"Sexta-feira é a última oportunidade: estabilidade ou caos", afirma o jornal governamental Al-Ahram na primeira página. "Sexta-feira crucial", afirma no mesmo tom o jornal Al-Ajbar, três dias antes do início das primeiras eleições legislativas organizadas depois da queda de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro.

Mohamed ElBaradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), se uniu aos manifestantes. ElBaradei, que sonha com a presidência egípcia, se reuniu com dezenas de milhares de pessoas na praça, palco dos protestos contra os militares no poder.

De acordo com a imprensa, o Exército nomeou um ex-primeiro-ministro do presidente destituído Hosni Mubarak, Kamal Ganzouri, para formar um novo governo, no lugar Esam Sharaf, que renunciou na segunda-feira. O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) não confirmou a informação e as consultas prosseguem, a poucos dias do início das eleições legislativas.

O site do jornal governamental Al-Ahram informou que o CSFA não tomou uma decisão sobre Kamal el-Ganzouri. Mas a possível nomeação do economista de 78 anos não foi bem recebida pelos manifestantes da Praça Tahrir.

Os manifestantes também querem o fim do poder militar e a saída do principal comandante das Forças Armadas, o marechal Hussein Tantawi, acusado de perpetuar o regime de Mubarak. O Exército pediu desculpas pelas mortes dos últimos dias, que chegaram a 41 em todo o país, 38 delas no Cairo, segundo o ministério da Saúde.

Em função da situação, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) recomendou aos meios de comunicação internacionais que não enviem mulheres jornalistas ao Egito, depois de uma série de agressões sexuais.

Na quinta-feira, uma jornalista egípcio-americana acusou a polícia do Egito de tê-la agredido sexualmente durante horas. Uma repórter francesa também denunciou agressões sexuais durante uma manifestação no Cairo.

"Esta é pelo menos a terceira vez que uma repórter é agredida sexualmente desde o início da revolução egípcia. As redações devem levar isto em consideração e deixar momentaneamente de enviar mulheres jornalistas ao Egito", afirma a RSF em um comunicado.

"Lamentavelmente, diante da violência destas agressões não existe outra solução", completa a organização.

"Além de me golpearem, aqueles cachorros (referindo-se à polícia antidistúrbios) me submeteram às piores agressões sexuais", escreveu a egípcia Mona al-Tahawy no Twitter. Ela disse ter sido liberada na quinta-feira após 12 horas.

Já a jornalista francesa Caroline Sinz disse à AFP ter sido "agredida por uma multidão de homens" que lhe arrancaram a roupa na praça Tahrir, onde ela estava junto de um câmera.

"Algumas pessoas tentaram me ajudar, mas não conseguiram. Eu estava sendo linchada. Durou cerca de três quartos de hora", disse, até que algumas pessoas presentes conseguiram ajudá-la e ela voltou a seu hotel no Cairo.

Manifestantes acamparam mais uma vez na Praça Tahrir à espera da manifestação desta sexta-feira
Manifestantes acamparam mais uma vez na Praça Tahrir à espera da manifestação desta sexta-feira
Foto: AP
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