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Mundo

Conselho de Segurança da ONU discute situação na Líbia

22 fev 2011 - 12h22
(atualizado às 12h36)
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O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) começou nesta terça-feira uma reunião, a pedido do embaixador adjunto da Líbia perante o organismo internacional, para discutir a grave crise que atinge o país norte-africano.

Opositores ao governo ocupam ruas de Benghazi em protesto cuja data não foi divulgada, segundo a Reuters
Opositores ao governo ocupam ruas de Benghazi em protesto cuja data não foi divulgada, segundo a Reuters
Foto: Reuters

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e a alta comissária para os Direitos Humanos, Navi Pillay, expressaram sua preocupação pelo crescimento da violência na Líbia, dirigida desde 1969 pelo coronel Muammar Kadafi, que reprimiu de maneira sangrenta as manifestações contra seu regime.

A reunião do Conselho de Segurança, segundo indicou Ban, foi organizada a pedido do embaixador adjunto da Líbia perante a ONU, Ibrahim Dabbashi, que solicitou que o principal órgão de segurança debatesse de maneira urgente o assunto.

O Exército e as Forças de segurança líbias reprimiram na segunda-feira os protestos em Trípoli e outras cidades do país com disparos e bombardeios de aviões de combate e helicópteros, o que poderia ter ocasionado entre 300 e 400 mortes, segundo a Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH).

Outras fontes, citadas pela imprensa, como a emissora de televisão Al Yazíra, apontaram nesta terça-feira que na segunda maior cidade líbia, Benghazi, morreram pelo menos 300 pessoas, segundo fontes médicas.

Fontes da oposição acusaram o regime de Kadafi de usar mercenários estrangeiros para reprimir os protestos que ocorreram na semana passada e que buscam a renúncia do líder líbio.

Dabbashi, que na segunda-feira indicou aos meios de comunicação que desde a sexta-feira não teve contato com o embaixador de seu país perante a ONU, Abdurrahman Mohamed Shalgham, indicou que Kadafi deve "deixar o poder o mais rápido possível".

Ban, que nesta terça-feira está em Los Angeles, nos Estados Unidos, para assistir a um fórum relacionado com as Nações Unidas, qualificou de "inaceitáveis" os ataques contra a população civil e o considerou "uma séria violação da lei humanitária internacional".

"Já houve suficiente derramamento de sangue na Líbia", disse o principal responsável da ONU em Los Angeles, segundo assinalou o organismo internacional.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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