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Distúrbios no Mundo Árabe

Conflito na Síria já matou mais de 190 mil pessoas

A alta comissária da Organização das Nações Unidas criticou a comunidade internacional por ter deixado de dar atençâo à guerra civil no país

22 ago 2014 - 14h02
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<p>Combatentes do Estado Islâmico se concentram no topo de um veículo militar com armas antiaéreas em Raqqa, Síria, em 7 de agosto</p><p> </p>
Combatentes do Estado Islâmico se concentram no topo de um veículo militar com armas antiaéreas em Raqqa, Síria, em 7 de agosto
Foto: Raqqa Media Cente / AP

A guerra civil que continua a devastar a Síria se distanciou da lista de preocupações do mundo, especialmente das grandes potências, apesar do conflito já ter matado 191 mil pessoas e suas consequências terem ultrapassado fronteiras e chegado ao norte do Iraque.

A ONU divulgou nesta sexta-feira seu terceiro relatório sobre o conflito sírio, baseado em uma minuciosa análise estatística, segundo o qual 191.369 pessoas morreram no país entre março de 2011 e o final de abril de 2014.

A base de dados, que identifica uma a uma as vítimas, não inclui portanto os mortos dos últimos meses, mas o ritmo sustentado da violência indica que este número seria de entre cinco e seis mil.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou que o sofrimento na Síria se estende às famílias dos mortos e desaparecidos e aos feridos e aos deslocados. Pillay criticou a comunidade internacional por ter se esquecido do conflito.

A funcionária da ONU disse que ao permitir que a situação se prolongasse tanto, e sem perspectivas de um fim, fez com que as consequências do conflito pesassem sobre centenas de milhares de pessoas não só dentro da Síria, mas também no norte do Iraque e no Líbano.

"Os assassinos e torturadores na Síria e no Iraque foram encorajados e estimulados pela paralisia internacional", denunciou.

Grupos islâmicos extremistas como Al Nusra e o Estado Islâmico tornaram-se visíveis na guerra interna da Síria, onde não apenas combatem as forças do regime, mas outros grupos rebeldes que não compartilham sua ideologia, apesar de inicialmente lutarem pela mesma causa.

Os milicianos do Estado Islâmico agora controlam a província de Al Raqqah e uma área que se estende deste local até o norte do Iraque, onde nos últimos meses derrotaram as Forças Armada deste país e conseguiram dominar amplas áreas.

O relatório também indica que, do total de mortos, pelo menos 8.803 eram crianças e 2.165 tinham menos de dez anos.

Os números anunciados provavelmente escondem uma realidade pior, mas que não pôde ser verificada segundo a metodologia usada, adotada para evitar dúvidas.

Acredita-se que o número total de assassinados indicados no relatório subestima a quantidade de pessoas mortas, pois em muitos casos faltava algum elemento de verificação ou porque muitas mortes nunca foram documentadas por nenhuma das cinco fontes utilizadas.

De acordo com o boletim, 85% dos mortos eram homens, mas a análise não conseguiu distinguir entre os que eram combatentes e civis inocentes, nem atribuir os assassinatos a uma ou outra parte em conflito.

Em relatórios anteriores sobre direitos humanos na Síria, a ONU acusou claramente como o maior responsável pelos crimes o regime de Bashar al Assad, sem negar que os grupos rebeldes também cometeram graves violações.

"Não foi possível estabelecer a responsabilidade de forma individual", explicou o porta-voz de Pillay, Rupert Colville.

Após um ano sem uma atualização das estatísticas sobre as mortes no conflito na Síria, o Escritório de Direitos Humanos da ONU planeja agora enviar informes a cada trimestre.

A compilação e verificação destes dados podem ajudar a algum dia os responsáveis pelos crimes mais graves a serem julgados pela justiça internacional.

Pillay tem várias listas de supostos responsáveis por crimes contra a humanidade na Síria, que estão em envelopes fechados entregues pela comissão investigadora criada pela ONU.

A funcionária da ONU afirmou hoje que o Conselho de Segurança da organização falhou ao não levar o caso da Síria para o Tribunal Penal Internacional.

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EFE   
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