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Distúrbios no Mundo Árabe

Com ultimato de Kofi Annan, entra em vigor cessar-fogo na Síria

12 abr 2012 - 00h18
(atualizado às 01h12)
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O cessar-fogo na Síria teve início nesta quinta-feira, às 6h local (0h de Brasília), de acordo com o ultimato fixado pelo emissário das Nações Unidas, Kofi Annan, para acabar com a violência no país.

O regime sírio, que reprime de forma sangrenta a oposição, já anunciou a suspensão das operações militares na manhã desta quinta-feira, mas advertiu que suas forças responderão a qualquer ataque "terrorista", em referência aos rebeldes, que também prometeram respeitar a trégua.

Acusado em várias ocasiões pela comunidade internacional de não cumprir seus compromissos, o regime do presidente Bashar al-Assad será submetido a mais uma prova nesta quinta-feira, e os Estados Unidos já advertiram que julgarão Damasco "pelo que faz e não pelo que diz".

O regime sírio deveria ter retirado suas tropas das cidades em conflito na terça-feira, de acordo com a primeira fase do plano elaborado pela ONU e a Liga Árabe, mas isto não ocorreu.

Na quarta-feira, horas após a entrada do plano em vigor, operações militares do regime mataram 25 civis, sendo 10 em um bombardeio contra Rastane, cidade da província de Homs em poder dos rebeldes há meses.

Um oficial do Exército e seu motorista foram assassinados por disparos de armas de fogo.

A violência já deixou mais de 10 mil mortos na Síria, a maioria civis, desde a explosão da revolta contra o regime, no dia 15 de março de 2011.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, destacaram nesta quarta-feira a necessidade de uma ação "mais decidida" do Conselho de Segurança da ONU, onde Rússia e China, aliados de Damasco, têm bloqueado as resoluções que condenam a repressão.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido, número similar ao calculado pela ONU.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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