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Mundo

Chefe da polícia de Benghazi renuncia e adere à revolução

24 fev 2011 - 07h37
(atualizado às 08h34)
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O chefe da polícia da cidade líbia de Benghazi, general Ali Hweidi, anunciou nesta quinta-feira sua renúncia e revelou sua adesão à revolução popular, informou a rede de televisão catariana Al Jazeera.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

O próprio Hweidi apareceu na televisão em vídeo gravado no qual, vestido como civil, anunciava sua deserção. "Por tudo que vi do uso da força (para reprimir os protestos populares), apresentei minha renúncia e estou disposto a colocar-me ao lado dos jovens da revolução para oferecer qualquer tipo de ajuda", acrescentou o general.

Além disso, a emissora exibiu imagens de milhares de habitantes da cidade, no nordeste do país, enquanto realizavam o que chamavam a libertação de Benghazi do regime do líder líbio, Muammar Kadafi.

A cidade de Benghazi, a segunda mais importante do país, está controlada desde 21 de fevereiro por manifestantes, que já ocuparam as instalações militares que foram abandonadas por soldados leais ao regime de Kadafi.

Está sob controle da oposição a cidade de Tobruk, entre Benghazi e a fronteira com o Egito, assim como o terço oriental da zona litorânea da Líbia.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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