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Distúrbios no Mundo Árabe

Capital da Tunísia volta à normalidade após incidentes

26 fev 2011 - 09h01
(atualizado às 11h30)
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A cidade de Túnis recuperou neste sábado a normalidade, com a abertura dos estabelecimentos comerciais e o funcionamento dos órgãos públicos, após os confrontos registrados durante a noite de sexta-feira entre policiais e manifestantes, tal como constatou a Agência

Efe

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Ainda permanecem nas ruas destroços de veículos incendiados durante os choques, ocorridos nas proximidades do Ministério do Interior. Nas ruas próximas ao edifício ministerial, os manifestantes usaram veículos como barricadas, mas estes já foram retirados do local para que a circulação na área pudesse ser restabelecida.

Os militares recolocaram arame farpado em torno do Ministério do Interior, pois a proteção havia sido destruída durante os confrontos, registrados após a manifestação desta sexta-feira, que pedia a saída do primeiro-ministro tunisiano, Mohamed Ghannouchi, e a convocação de uma Assembleia Constituinte. Sete manifestantes ficaram feridos por disparos efetuados pela Polícia e 21 sofreram ferimentos leves durante os choques que ocorreram no centro da capital, tal como constatou a Efe no hospital.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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