"O uso da força na Líbia deve ser evitado, assim como em outros países do Oriente Médio onde há distúrbios", afirma o projeto de declaração dos países do Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - reunidos em Sanya, na China.
"Partimos do princípio de que o uso da força deve ser evitado" na Líbia, destaca o projeto de declaração do Brics, que manifesta sua "profunda preocupação com os distúrbios no Oriente Médio e no norte e oeste da África".
Os cinco emergentes desejam que os países envolvidos "alcancem a paz, a estabilidade, a prosperidade e o progresso, e que ocupem dignamente seu papel no mundo em função das aspirações legítimas do povo".
A cúpula do Brics reúne a presidente Dilma Rousseff e seus colegas de China, Hu Jintao, Rússia, Dmitri Medvedev, África do Sul, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh.
O banco de investimentos Goldman Sachs inventou o acrônimo Bric em 2001, em referência ao poderoso crescimento das quatro maiores economias emergentes. No fim de 2010, a China convidou a África do Sul para se unir ao grupo, que conta hoje com mais de 40% da população mundial.
O Brics representava 18% do PIB mundial em 2010, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), e o comércio entre os membros do grupo cresceu exponencialmente, passando de 38 bilhões de dólares em 2003 para um montante estimado de 220 bilhões em 2010.
Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional
Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Mais de um mês depois, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidadesestratégicas.
A violência dos confrontos entre as forças de Kadafi e a resistência rebelde, durante os quais milhares morreram e multidões fugiram do país, gerou a reação da comunidade internacional. Após medidas mais simbólicas que efetivas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a instauração de uma zona de exclusão aérea no país. Menos de 48 horas depois, no dia 21 de março, começou a ofensiva da coalizão, com ataques de França, Reino Unido e Estados Unidos.
"Ainda nem autorizei o uso de munição", observou o líder líbio Muamar Kadafi durante seu pronunciamento proferido nesta terça-feira pela TV estatal
Foto: TV Líbia / AFP
"Muamar Kadafi é o líder da revolução, Muamar Kadafi não tem nenhum posto oficial ao qual renunciar. Ele é o líder da revolução para sempre", repete ele sobre si mesmo; o discurso durou mais de uma hora
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"Permanecerei aqui, desafiador", disse, falando da sua residência de Bab al-Aziziya, bombardeada pelos Estados Unidos em 1986 e mostrada de tempos em tempos durante a transmissão
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"Que vergonha. Vocês são uma gangue? Liberem Benghazi. Larguem as armas, ou haverá um massacre", disse, enfatizando como os manifestantes estão "destruindo" o país
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"Qualquer uso de força contra a autoridade do Estado será sentenciado com a morte", repetia Kadafi enquanto consultava um caderno verde sobre o espaço legal para as sentenças
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"Se esses vermes continuarem, a Líbia vai retornar à escuridão dos anos 50", exaltava-se contra os manifestantes. "Vocês querem que os americanos venham e ocupem a Líbia como fizeram no Afeganistão?"
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"Muamar Gaddafi não é uma pessoa comum que você pode envenenar, ou contra a qual você pode liderar uma revolução", afirmava enquanto improvisava seu discurso em meio a notas que recebia de terceiros
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"O povo líbio está comigo", afirmou Kadafi, convocando seus partidários para uma manifestação na quarta-feira. "Capturem os ratos! Saiam de suas casas e ataquem!", gritou o ditador
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"Se vocês amam Kadafi, saiam às ruas da Líbia para protegê-las", falava ele em tentativa de dissuadir a população contra os supostos "inimigos"
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"Lutarei até a última gota de sangue com as pessoas atrás de mim", profetizava, enquanto repetia que não deixaria o país e que, se necessário, morreria como um "mártir"
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"Nós desafiamos a América com seu poder, nós até mesmo desafiamos o superpoder", afirmava para demonstrar o poder do governo da Líbio
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Durante mais de uma hora de improvisos e ameaças, Kadafi tentou demonstrou que aceita fazer concessões aos protestos, indicando que "uma nova adminstração será formada" e que "conselhos municipais" serão criados