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Bombardeios em Aleppo acontecem antes de batalha decisiva

5 ago 2012 - 18h43
(atualizado às 19h53)
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O exército sírio continuava bombardeando neste domingo o principal bastião rebelde de Aleppo e enfrentava os insurgentes em outras áreas, antes de lançar a batalha decisiva para retomar o controle desta cidade-chave do norte da Síria.

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A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, viajará sábado para a Turquia, que desempenha um papel importante na ajuda aos rebeldes, para falar do conflito com a Síria, anunciou o departamento de Estado.

Em Aleppo (355 km a norte de Damasco), a Força Aérea síria bombardeou neste domingo os bairros de Shar e Sajur (leste) e o de Salahedin (oeste), sitiado pelo exército, informou o opositor Observartório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Depois de enviar milhares de soldados de reforço, o exército lançou dia 28 de julho uma ofensiva contra Aleppo, onde os rebeldes tomaram posição oito dias antes, principalmente em Salahedin, uma área esvaziada pelos seus milhares de habitantes.

Contudo, segundo o jornal oficial Al Watan, a verdadeira batalha de Aleppo ainda não começou. "A missão atual (do exército) consiste em aplicar duros golpes aos terroristas, a estreitar o cerco e reforçar o controle de entradas da cidade para lhes impedir de fugir", disse o jornal.

Em Damasco, três oficiais do Serviço de Informação Política desertaram e se refugiaram na Jordânia, informou este domingo à AFP Kassem Saad Eddine, porta-voz do Exército Sírio Livre (ESL), na Síria.

"O coronel Yareb al Shareh, seu irmão Kanaan Mohamad al Shareh e o coronel Yaser Hajj Ali, que trabalhavam no Serviço de Informação Política em Damasco, desertaram e se encontram na Jordânia", afirmou. As deserções não foram confirmadas pelo regime sírio.

No dia anterior, um chefe de segurança afirmou que a verdadeira batalha de Aleppo ainda não tinha começado e que os bombardeios não eram mais que preparativos. Ele disse que pelo menos 20 mil soldados foram destacados como reforço dentro de Aleppo e em seus arredores e que outros continuam chegando.

Os rebeldes dizem controlar a metade da cidade e afirmam que, apesar dos bombardeios, os soldados não conseguem avançar nos bairros.

Segundo jornalistas da AFP no local, a situação parece paralisada. Os combatentes do Exército Sírio Livre (ESL, formado por desertores e civis que pegaram em armas) e soldados se enfrentam violentamente em Salahedin, mas continuam esperando a grande ofensiva prometida pelo regime.

Para aliviar Aleppo, os rebeldes atacam quase toda noite do aeroporto militar de Managh, onde estão alguns helicópteros. Os aviões da aeronáutica, porém, vêm de Idleb, mais a oeste, ou de outras regiões e, por enquanto, nada parece detê-los.

Em comunicado, o Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal coalizão da oposição, acusou o exército de bombardear as sedes de instituições públicas, que fazem parte do patrimônio arquitetônico de Aleppo.

O CNS reiterou também seu pedido a favor de 800 famílias no centro histórico de Homs (centro) que há mais de 60 dias estão "ameaçadas não só por um bombardeio selvagem, mas também pela fome, sede e falta de medicamentos".

O conselho também pediu à comunidade internacional, muito dividida sobre a crise síria, "e os países vizinhos a atuar seriamente frente à ameaça que o regime representa para a existência da Síria, a paz e a estabilidade internacional".

Iranianos sequestrados Informações divergentes circulavam neste domingo sobre a identidade dos captores dos iranianos sequestrados no sábado na Síria, cujo rapto foi reivindicado pelo ESL e, ao mesmo tempo, atribuído por um opositor sírio a um grupo extremista sunita.

Os captores de 48 iranianos - supostos peregrinos - sequestrados no sábado, na Síria, são membros de um grupo extremista sunita, afirmou neste domingo um dirigente da oposição síria, pouco depois que o Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes) reivindicou o sequestro em um vídeo.

"Jundala é um grupo islamita extremista que tem um discurso religioso baseado no ódio aos xiitas e aos alauitas", afirma o dirigente, que não quis ser identificado. Os extremistas sunitas consideram os xiitas e alauitas - facção do xiismo ao qual pertence o presidente Bashar al Assad - como hereges. A maioria da população síria é sunita.

Mais cedo, a rede de televisão com capital saudita Al Arabiya divulgou imagens que mostram os reféns iranianos em mãos de rebeldes sírios, que afirmam deter alguns membros dos Guardiões da Revolução.

Nas imagens, o representante do ESL, um grupo armado rebelde, mostra o que diz ser um documento de identificação militar e uma permissão para portar armas de um dos iranianos, apresentado como um Guardião da Revolução.

O Irã insiste que os sequestrados são peregrinos capturados quando se dirigiram de ônibus para o aeroporto e exige sua libertação.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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