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Distúrbios no Mundo Árabe

Aviões de caça sobrevoam o Cairo a baixas altitudes

30 jan 2011 - 12h44
(atualizado às 13h28)
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Aviões de caça egípcios sobrevoaram a baixas altitudes neste domingo, em várias ocasiões, a cidade do Cairo, onde milhares de pessoas protestavam pelo sexto dia consecutivo exigindo a renúncia do presidente Hosni Mubarak. Pouco antes, a televisão estatal egípcia havia anunciado uma visita de Mubarak a um centro operacional das Forças Armadas do país e uma reunião entre o presidente e o vice, Omar Suleiman, além do ministro de Defesa, Mohamed Husein Tantawi, e do chefe do Estado Maior, Sami Ana.

Aviões de caça egípcios sobrevoam Cairo a baixas altitudes
Aviões de caça egípcios sobrevoam Cairo a baixas altitudes
Foto: AP

Milhares de pessoas voltaram às ruas do Cairo neste domingo para exigir a renúncia do presidente egípcio Hosni Mubarak e de seu novo governo, no sexto dia de uma rebelião popular que já contabiliza mais de 100 mortos e tenta manter a força política em meio ao caos de saques e fugas de presos, muitos deles políticos.

Laicos e islamitas, jovens e velhos: a onda de protestos, que também ocorre em outras grandes cidades do Egito como Alexandria e Suez, é de longe a maior e mais importante desde 1981, quando Mubarak chegou ao poder. Insatisfeitos com as novas nomeações do presidente, anunciadas para tentar conter a fúria da população, os manifestantes agora exigem também a saída dos recém-empossados primeiro-ministro e vice-presidente, respectivamente Ahmed Shafiq e Omar Suleiman, ambos militares.

Em um comunicado, a Irmandade Muçulmana rejeitou as nomeações de Suleiman e Shafiq. "Isto é uma tentativa (do governo) de esquivar-se das reivindicações do povo e abortar sua revolução", afirmou o movimento, principal força de oposição do país. Neste domingo, as forças de oposição do Egito lideradas pela Irmandade encarregaram o dissidente Mohamed ElBaradei de negociar com o regime do presidente Mubarak.

Egípcios desafiam governo Mubarak

A onda de protestos dos egípcios contra o governo do presidente Hosni Mubarak, iniciados no dia 25 de janeiro, tomou nova dimensão na última sexta-feira. O governo havia tentado impedir a mobilização popular cortando o sinal da internet no país, mas a medida não surtiu efeito. No início do dia, dois mil egípcios participaram de uma oração com o líder oposicionista Mohamad ElBaradei, que acabou sendo temporariamente detido e impedido de se manifestar.

Os protestos tomaram corpo, com dezenas de milhares de manifestantes saindo às ruas das principais cidades do país - Cairo, Alexandria e Suez. Mubarak enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher, o qual acabou virtualmente ignorado pela população. Os confrontos com a polícia aumentaram, e a sede do governista Partido Nacional Democrático foi incendiada.

Já na madrugada de sábado (horário local), Mubarak fez um pronunciamento à nação no qual ele disse que não renunciaria, mas que um novo governo seria formado em busca de "reformas democráticas". Defendeu a repressão da polícia aos manifestantes e disse que existe uma linha muito tênue entre a liberdade e o caos. A declaração do líder egípcio foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981.

Mubarak, à revelia da pressão popular que persiste nas cidades egípcias, não renunciou. Segundo o último balanço feito pela agência AFP junto a fontes médicas, já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.



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