Atentado contra mesquita em Damasco mata líder religioso e dezenas de fiéis
Um importante líder religioso sunita e dezenas fiéis morreram em um atentado suicida nesta quinta-feira à mesquita al-Imane no bairro Mazrra, no centro de Damasco. A estimativa mais pessimista, disponibilizada pelo governo sírio, aponta a morte de pelo menos 40 pessoas. Inicialmente, fala-se em 16 mortos. O ataque, confirmado pela oposição e pelo governo, ocorre em meio às acusações mútuas do uso recente de armas químicas na guerra civil síria que já dura mais de dois anos.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), um dos principais órgãos da oposição, e a agência estatal síria Sana, o líder religioso assassinado é o xeque sunita de origem curda Mohammad Said al-Bouti. Segundo a Sana, al-Bouti morreu enquanto ministrava uma aula de religião a alguns estudantes dentro da mesquita.
Al-Bouti é apontado como um dos clérigos mais importantes da Síria e favorável ao regime do presidente Bashar al-Assad. Pertencente a uma grande tribo dividida entre Síria, Turquia e Iraque, o religioso, nascido em 1929, era titular de um doutorado em ciências islâmicas da célebre Universidade Al Azhar, do Cairo.
Na Síria, o religioso era conhecido por seus discursos transmitidos com frequência na televisão estatal. Ele também dirigia o departamento de Crenças e Religiões da Universidade de Damasco, assim como a União de Xeques do grupo de países formado por Palestina, Síria, Líbano e Jordânia. O clérigo seria um aliado do regime desde o inicio do levante rebelde sírio, em março de 2011.
Líder opositor critica ataque
O chefe da Coalizão Nacional Opositora síria, Ahmed Moaz al-Khatib, reagiu com duras críticas ao atentado. "Condenamos categoricamente o assassinato do xeque Mohammad Said al-Bouti", declarou Khatib por telefone à AFP no Cairo. "É um crime de qualquer ponto de vista, que nós rejeitamos totalmente".
"Qualquer um que tenha feito isso é um criminoso. E suspeitamos que tenha sido o regime", acrescentou, acusando o governo do presidente Bashar al-Assad de ter matado há alguns dias uma outra autoridade religiosa, Riad al-Saad.
Khatib, que também é um líder religioso, acrescentou que conhecia al-Bouti, respeitado por sua erudição em matéria de teologia islâmica, mesmo que não estivesse de acordo com sua escolha de apoiar vigorosamente Assad. "Nossa religião e nossos valores não permitem tratar as divergências de opinião com assassinatos", declarou.
Com informações das agências AFP e EFE.