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Distúrbios no Mundo Árabe

Argélia: polícia dispersa manifestantes pela 3ª vez seguida

26 fev 2011 - 08h01
(atualizado às 08h20)
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Centenas de policiais mobilizados no centro de Argel impediram mais uma vez a realização de protestos contra as mudanças no regime político da Argélia, convocados pelo partido opositor RCD.

Manifestantes protestam contra o governo na Argélia
Manifestantes protestam contra o governo na Argélia
Foto: Reuters

Cerca de 100 pessoas tentaram se concentrar na Praça dos Mártires, ponto de início da passeata de protesto, uma hora antes do início da mobilização, mas foram dispersos pelas forças policiais para as ruas adjacentes.

Esse é o terceiro sábado consecutivo em que manifestantes tentam organizar passeatas contra o regime na Argélia. É, além disso, o primeiro protesto na capital desde que o presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, suspendeu oficialmente na quinta-feira passada o estado de exceção, que estava vigente havia 19 anos.

Um deputado do RCD ficou ferido após ser empurrado pela polícia e cair no chão. Ele foi transportado de maca a uma ambulância e levado ao hospital. Toda a Praça dos Mártires está tomada pela polícia, que instalou barreiras de ferro e arame farpado em torno do local, impedindo o acesso das pessoas.

A cada tentativa de se concentrar em uma rua adjacente, os manifestantes são dispersos pela tropa de choque, que os empurra com seus escudos e fazem barulho com cassetetes para assustá-los. O secretário-geral do RCD, Said Sadi, subiu num veículo e gritou aos manifestantes para que continuassem protestando para "acabar com este estado policial e ditatorial".

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

EFE   
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