Após pedido da oposição, militares deixam as ruas no Bahrein
19 fev2011 - 08h26
(atualizado às 11h56)
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As tropas do Exército e veículos militares que ocupavam desde a quinta-feira o centro da capital do Bahrein, Manama, foram retirados na manhã deste sábado, após a oposição exigir a retirada como pré-condição para o diálogo com a monarquia do país.
A ordem para a retirada das tropas das ruas foi dada pelo príncipe Salman Bin Hamad Al Khalifa, encarregado pelo pai, o rei Hamad Isa al-Khalifa, de iniciar um diálogo com os grupos de oposição.
Segundo o correspondente da BBC em Manama, Ian Pannell, forças da polícia estão agora encarregadas de bloquear as ruas que dão acesso à praça Pérola, no centro de Manama, onde os manifestantes contra o governo se concentraram nos primeiros dias de protestos.
Na sexta-feira, pelo menos 50 pessoas ficaram feridas após militares abrirem fogo contra manifestantes que tentavam reocupar a praça Pérola, em meio aos funerais de quatro pessoas mortas na véspera durante a desocupação do local pelo Exército.
Neste sábado, membros do Wefaq, o principal grupo xiita de oposição ao governo do Bahrein, haviam rejeitado a oferta de diálogo nacional feita pelo rei Hamad e afirmaram que esperavam primeiro a renúncia do governo e a retirada das tropas do Exército das ruas de Manama.
Para a correspondente da BBC no país, Caroline Hawley, a oferta de diálogo feita pela dinastia sunita pode ter sido anunciada tarde demais para acalmar os protestos.
"Para considerarmos o diálogo, o governo precisa renunciar e o Exército precisa se retirar das ruas", afirmou Abdul Jalil Khalil Ibrahim, um dos líderes do Wefaq.
O grupo político xiita, que detém 18 das 40 cadeiras no Parlamento do Bahrein, se retirou do Legislativo em protesto contra a reação do governo aos protestos.
Onda
Os protestos no Bahrein são parte de uma onda de manifestações pró-democracia no mundo árabe e muçulmano, que já derrubou governantes na Tunísia e no Egito e se espalhou por países como Líbia, Argélia, Iêmen e Irã.
Desde sua independência da Grã-Bretanha, em 1971, o Bahrein tem registrado tensões entre a elite sunita e a maioria xiita, que se diz marginalizada e reprimida. O uso da força militar nos protestos recentes colocou a família real de Bahrein em rota direta de confronto com os xiitas, que compõem a maioria dos manifestantes.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou ao rei Hamad para pedir comedimento. O Bahrein é um importante aliado americano no Oriente Médio e abriga uma base da Quinta Frota Naval dos Estados Unidos.
Em sua ligação, Obama afirmou que o Bahrein precisa respeitar os "direitos universais" de seu povo e promover "uma reforma significativa".
Para a correspondente da BBC em Washington, Kim Ghattas, o levante no Bahrein preocupa mais o governo americano do que os protestos no Egito, por conta da maioria xiita no país, com suas possíveis ligações com o Irã. Os Estados Unidos temem uma crescente influência regional do Irã e vê reinos governados pelos sunitas como o Bahrein e a Arábia Saudita como um contrapeso importante à influência iraniana.
16 de fevereiro - Familiar de Fadel al-Matrook discursa durante seu velório, em Manama
Foto: Reuters
16 de fevereiro - O ministro do Interior de Bahrein pediu desculpas pelas duas mortes no protesto
Foto: Reuters
16 de fevereiro - Familiares e manifestantes levam o caixão de Fadel al-Matrook, morto na terça-feirs, em Manama
Foto: Reuters
16 de fevereiro - Manifestantes acompanham o funeral de Fadel al-Matrook, morto na terça-feira durante protestos
Foto: Reuters
15 de fevereiro - Milhares de manifestantes ocupam a Pearl Roundabout, em Manama, para protestar contra duas mortes
Foto: Reuters
14 de fevereiro - Manifestantes protestam contra o governo, em Manama, inspirados pelo levante no Egito
Foto: Reuters
16 de fevereiro - Manifestantes oram no centro da capital após mais um dia de protestos
Foto: AP
16 de fevereiro - Manifestantes oram, descansam e se alimentam no centro de Manama após mais um dia de protestos
Foto: AP
17 de fevereiro - Militares invadem a praça Pearl, lançando bombas de gás e expulsando manifestantes que estavam acampados, em Manama
Foto: AP
17 de fevereiro - Mulheres gritam em protesto após os conflitos entre manifestantes e policiais, em Manama
Foto: AP
17 de fevereiro - Manifestantes carregam para hospital um homem ferido nos conflitos com militares, em Manama
Foto: AP
17 de fevereiro - Tanques do exército barenita tomam as ruas do centro de Manama
Foto: Reuters
17 de fevereiro - Após noite violenta e ação das forças de segurança, acampamento de manifestantes fica deserto
Foto: Reuters
17 de fevereiro - Tanques do exército patrulham ruas centrais da capital barenita após noite de confrontos
Foto: Reuters
18 de fevereiro - Manifestantes pró-governo agitam as bandeiras do Bahrein e seguram um cartaz onde pode-se ler "a família Khalifa é o símbolo da legitimidade" em árabe durante manifestação em Manama
Foto: AFP
18 de fevereiro - Um parente de um manifestante morto pela polícia durante protesto é consolado por um amigo durante o cortejo fúnebre
Foto: Reuters
18 de fevereiro - O corpo de um manifestante, que foi morto pela polícia, é levado para o enterro
Foto: AFP
18 de fevereiro - Corpo de um manifestante morto pela polícia é levado para ser enterrado enquanto seus familiares seguem o cortejo em Sitra
Foto: Reuters
19 de fevereiro - Tanques do exército saem da praça da Pérola, em Manama, depois que a oposição exigiu a retirada militar
Foto: AFP
19 de fevereiro - Militares saemm da praça da Pérola depois de exigência da oposição como condição para o diálogo
Foto: AFP
19 de fevereiro - Policiais perseguem panifestantes depois que os militares deixaram a praça da Pérola, em Manama
Foto: AP
19 de fevereiro - Policiais lançam bombas de gás lacrimogêneo na praça da Pérola, em Manama
Foto: AP
19 de fevereiro - Manifestantes voltam à praça da Pérola depois da retirada dos militares, em Manama
Foto: AP
19 de fevereiro - Manifestante grita palavras de ordem em novo protesto na praça da Pérola, em Manama
Foto: AP
19 de fevereiro - Milhares de manifestantes celebram na Praça da Pérola, que foi o epicentro de uma mobilização contra o governo na capital do Bahrein, Manama. Com a saída dos militares, que impediam os protestos, a população voltou ao local
Foto: AP
20 de fevereiro - Mensagem escrita com pedras contra o governo direcionada ao rei Hamad bin Isa al-Khalifa, próxima à Praça da Pérola, em Manama
Foto: Reuters
21 de fevereiro - Manifestantes levam cartaz com fotos dos líderes do Bahrein, na praça da Pérola
Foto: AFP
21 de fevereiro - Enroladas em bandeiras do Bahrein, mulheres vão a protesto antigoverno, em Manama
Foto: AFP
21 de fevereiro - Mulheres conversam durante protesto contra o governo do Bahrein, na praça da Pérola
Foto: AFP
21 de fevereiro - Mulher segura cartaz que diz "Nós somos pessoas de paz", na praça da Pérola, em Manama
Foto: AFP
22 de fevereiro - Dezenas de milhares de xiitas protestam no centro de Manama pedindo a queda do governo
Foto: AFP
25 de fevereiro - Dezenas de milhares de manifestantes antigoverno exibem bandeiras nacionais e marcham até a Praça Pérola em Manama
Foto: AP
26 de fevereiro - Manifestantes contrários ao governo se aglomeram na Praça Pérola em Manama
Foto: Reuters
03 de março - Manifestante antigoverno beija um policial que pediu para ele liberar o caminho para uma motorista do sexo feminino. Ele estava bloqueando a estrada durante uma manifestação antigovernamental
Foto: Reuters
03 de março - Moradores seguram uma bandeira do Bahrein em frente à polícia de choque após uma briga entre sunitas e xiitas em Hamad Town, ao sul de Manama
Foto: Reuters
05 de março - Manifestantes antigoverno formam uma corrente humana que se estendeu por cerca de 7 km ao redor de Manama
Foto: AP
07 de março - Cerca de 150 manifestantes antigoverno balançam bandeiras e cartazes em protesto em frente à embaixada dos EUA em Manama